Saímos dela
com uma sensação de quase nada, entre bordados, uns vídeos com as reflexões da
artista sobre arquitetura e uma suposta tensão criada entre a obra e a
arquitetura do CAM, como vi escrito algures mas não descortinei.
A exposição
não envergonha, mas só isso. Não é o que precisamos nem o que a Gulbenkian nos
pode dar neste momento de definhamento geral e cultural em particular.
Se é certo
que nos últimos vinte anos a Fundação Gulbenkian deixou de ter, no panorama
cultural português, a centralidade que teve desde o seu início, isso deve-se em
grande medida à existência de novas centralidades que foram surgindo à medida
que o país se desenvolvia e modernizava.
Com a
profunda crise que nos tomou de assalto, o desaparecimento de organizações
culturais menos sólidas e mais dependentes de apoios foi uma fatalidade.
Julgo que é
em momentos destes que uma instituição sólida, e com meios próprios, como a
Gulbenkian, tem um papel, e quase um dever patriótico, de remar contra a maré,
contra o miserabilismo, contra as poupanças de chacha, contra o ideário do “pobrezinho
mas honrado” , contra o imaginário tacanho do Portugal dos pequeninos.
Cabe-lhe
fazer exactamente o contrário: voltar a ser o oásis e o motor da nossa vida
cultural, com iniciativas que nos galvanizem e nos façam acreditar que há vida
para além das crises. Não é o que se está a passar no CAM.
Culpa da curadora Isabel Carlos ou
da tesouraria?
Não sei.
Apenas sinto que a Gulbenkian ameaça ficar mais um cadáver entre tantos que a
crise vai deixando pelo caminho.Oxalá me engane.
Sem comentários:
Enviar um comentário