Ela vem aí, e à sua espera terá uma manifestação cujo slogan é – Que se lixe a troika, a Merkel não manda aqui.
Acontece que manda.
E manda sobretudo por causa do nosso comodismo e
analfabetismo político, muito mais do que pelo facto de a Alemanha ser nossa
credora.
Se o projecto de Europa a que aderimos está hoje
completamente desfigurado pela existência dum directório em que a Merkel é soba,
a culpa é nossa.
Se aqui estamos agora, pobres e sem soberania para sair da
pobreza, é porque, de todas as vezes que houve um novo tratado, nunca exigimos
conhecê-lo, discuti-lo ou referendá-lo, isto é, assinámos de cruz.
A Merkel é nossa credora usurária mas contra ela nada posso
– não a elegi, e a sua permanência no poder não depende da minha vontade nem
dos meus gritos, que também não a fariam mudar.
O que eu posso, e tenho o dever de fazer, é gritar aos
ouvidos do meu governo que é ele que tem que gritar aos ouvidos da Merkel, e
dos outros, que precisamos renegociar a dívida para que a possamos pagar; se o
governo não o fizer ou nada conseguir, eu vou gritar-lhe aos ouvidos que tem
que, ao menos, negociar a nossa saída do clube dos ricos a que, manifestamente,
deixámos de poder pertencer.
É isso, e apenas isso, que estou disposta a gritar “até que
a voz me doa”.
Quanto à Merkel, já está fora da minha “guerra”.
Assinar cartas a dizer-lhe que é mal-vinda, ou ir berrar-lhe
coisas que ela não ouvirá, parecem-me actividades lúdicas e inconsequentes que,
com franqueza, não me apetecem.
Posto isto, e como sempre preciso de encontrar algum sentido
para o que faço, obviamente, não vou.
Concordo em absoluto, Maria!
ResponderEliminarSinto-me cada vez mais desconfortável neste país que escolhi para viver e onde terei imensas dificuldades para dar um futuro condigno ao meu filho.:(
Beijinhos
Gosto e assino por baixo, sobretudo na parte em que refere que é aos ouvidos dos nossos governantes que temos que gritar.
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