Nós, alentejanos, somos comedores de pão, inventores da
cozinha do nada e do “cante”, gente curtida pelo desalmado sol de verão e “enrijada
“ pelas manhãs de geada, contadores de anedotas sobre nós mesmos, geralmente curtas,
incisivas e espelho do destinatário, somos de poucas palavras e, regra geral, não
temos pressa.
Somos, sobretudo, orgulhosos do que somos, e temos a
particularidade de na lonjura nos encontrarmos, porque é sempre “já ali adiante”.
Não basta ter nascido no Alentejo para ser alentejano −
pode-se sê-lo tendo nascido longe, porque ser alentejano é, de facto, um estado
de alma.
Ora, se assim é, e se Relvas disse no Parlamento que não há
espaço para estados de alma, a conclusão lógica, acho eu, é que não há espaço
para os alentejanos.
Mas há, o ministro está enganado. O que não falta no
Alentejo é espaço.
O senhor ministro que venha cá que a gente mostra-lhe a
terra a perder de vista, os sobreiros, as azinheiras, os “montes”, a vinha, as
oliveiras, as ovelhitas a pastar, tudo à larga.
E mais ainda: até temos umas grutas ali no Escoural que
estamos mortinhos para lhe mostrar.
E pode ficar a ver o tempo que quiser, que agente fecha a
porta por causa das correntes de ar que, volta não volta, se fazem sentir aqui
no descampado.
Já me fez dar uma boa gargalhada!
ResponderEliminarAdoro o Alentejo (não sabia que era alentejana!:)) e as suas gentes que, ao contrário dos transmontanos, são desconfiados no início, para se tornarem amigos para sempre, quando percebem que podem confiar.:)
Estive em Mértola um ano. Que saudades!
Por favor, Maria, não estrague a sua terra com gente assim...a não ser que fica por lá numa mina.lol
beijinhos
Sou alentejana e com muito orgulho, Nina. Se precisarmos de ajuda para fechar o portão, a gente pede. Beijinho
EliminarAhaha o que me ri a imaginar o Relvas fechado no Escoural.
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