Romance quase sem história nem personagens (apenas o
narrador) conta-nos os dias difíceis dum aspirante a escritor na cidade de
Kristiania, actual Oslo.
Na mais negra miséria, o jovem deambula pela cidade, para
cima e para baixo, ou em círculos, escreve, ou tenta escrever, gela e alucina
quando possuído pela fome de vários dias, descrita duma maneira tão vívida que
dá medo.
As suas atitudes desconcertantes, pautadas por juízos pouco
lógicos para quem está em tão terrível situação, fazem-nos, por vezes, pensar
que está alienado, que busca a morte. Falso.
O instinto de sobrevivência acaba por falar mais alto, talvez
porque o narrador tenha terminado a busca de identidade, e o teste aos limites,
através da mais dolorosa das experiências físicas – a fome.
Livro publicado em 1890, não podia ser mais moderno; e o
facto de o homem ter sido simpatizante nazi, aquando da ocupação da Noruega,
não retira nem um pouco de valor à obra.
Este deixou-me com uma enorme vontade de o ir comprar já.
ResponderEliminarHá situações intemporais e algumas que nos trazem recordações, mesmo que não as tenhamos vivido, mas só ouvido.
bji, querida Maria
Fiquei curiosa.
ResponderEliminarLi a versão/tradução de Carlos Drummond de Andrade, numa edição brasileira. Muito Bom.
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