Comecei por ficar mais ou menos indiferente, e de raciocínio
mais ou menos preguiçoso, no pressuposto de que já houve outros acordos a que
toda a gente se habituou. O computador tratou do assunto e mesmo agora eu
escrevi excepto e ele comeu-lhe logo o p;
como insisti, ele marca-me erro.
Comecei, então, a escrever segundo o acordo, mas verifiquei
que não sou capaz de escrever espetador em vez de espectador, ou para em vez de
pára, entre outras.
Desta feita, já que, afinal, uns dizem que está em vigor e
outros dizem que não, decidi voltar à escrita antiga até que os mandantes se
entendam. Porém, isto de estar sempre a desfazer o que o computador me desfaz é
muito cansativo.
Às tantas, e com todas as excepções, acho que já nem sei
escrever, fico cheia de dúvidas atormentadoras. Será assim? será assado? levará
hífen? dobrará a consoante? perdeu o acento? Uma canseira.
Leio jornais com Acordo e jornais sem Acordo, livros com
Acordo e livros sem Acordo, legendas com Acordo e legendas sem Acordo. Só ainda
não testei a bula dos medicamentos.
Dantes, com regras bem definidas ainda se percebiam os
erros. Agora, cada um escreve como quer está sempre bem.
Podemos estar a viver no purgatório mas quanto à escrita, já
não há “pecado”. O país escrevente vive no limbo, e eu com ele.
Escrevo como sempre escrevi!!
ResponderEliminarEssa do espe(c)tador... não lembra ao diabo!!