Óbvio, não?
O que a senhora Ségol não sabe, porque não vive por cá, é
que isto não é desespero, é estupidez, frieza, humilhação do povo que se
governa, arruaça, delinquência.
Há um projeto político incendiário que chegou ao poder para
impor a defesa da finança, do patronato e dos grandes interesses instalados,
espezinhando, pelo caminho, toda uma população que nem pensa em defender-se,
entregue que está ao seu ancestral fatalismo.
Morre de frio e de gripe, não vai ao hospital quando
precisa, abandona a universidade, engrossa desde madrugada as filas dos centros
de emprego, perde o trabalho e a casa, consegue um trabalho temporário com um
salário de anedota, volta para casa dos pais, vende o ouro, pede ajuda às
instituições de caridade para comer.
Tudo muda na sua vida, exceto esta imensa paciência
portuguesa que parece não se esgotar nunca.
Por aqui, o velho lema “antes morrer de pé que viver
vergado” vive-se ao contrário.Passos e companhia sabem-no, e só por isso ousam uma afronta atrás da outra.
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