Durante alguns minutos, a jornalista fala com alguém que está a viver e a trabalhar noutro país e eu ponho uns óculos cor-de-rosa.
São sempre jovens com boa formação que encontraram um trabalho que os satisfaz. Todos falam de segurança no trabalho, organização e saudades do sol. Enfim, a vida é bela e cheia de oportunidades no largo mundo ao nosso dispor. O programa satisfaz plenamente a ideia do primeiro-ministro de que os jovens devem abandonar a sua “zona de conforto” e emigrar.
Noto, porém, que os entrevistados, não estando infelizes, ao contrário, têm saudades do país e da família. Presumo que, se aqui encontrassem maneira segura de empregar o seu inegável talento, na sua grande maioria, gostariam de estar na sua “zona de conforto”.
Reparo também que, no programa, nunca ouvi entrevistar nenhum dos muitos licenciados portugueses que mais não encontram lá fora do que a possibilidade de vender copos a bêbados de país alheio; também nunca ouvi um jovem com o 12º ano que só conseguiu ser trolha, nem um dos mais velhos que se sente enganado e bastamente explorado na sua condição de emigrante.
Mas é bom. O senhor Primeiro-ministro e o Dr. Relvas certamente gostam disto e eu, durante uns minutos, vejo o mundo em tons de rosa clarinho.
Doce engano, esse.
ResponderEliminarFilha de ex-emigrantes, sei bem o sofrimento que se vive longe da zona de conforto.
O dinheiro não é tudo!
Aos nossos governantes compete oferecerem qualidade de vida cá dentro...e não lá fora, longe de tudo e de todos.
Esta arrogância deprime-me.
Até podiam por lá a Abelha Maia que os pequenitos é que iam gostar!!
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