Pelo mundo fora receberam-me das mais diversas maneiras, aliás, como sempre fizeram com os meus antepassados: júbilo, alívio, alegria real ou simulada, indiferença ou desesperança.
Quando cheguei a Portugal percebi logo que a maioria dos portugueses me encara como às vezes as famílias o fazem com um dos seus mais novos – este é menos inteligente, este vai dar chatices.
Com as crianças, essas profecias geralmente cumprem-se porque assim se vai criando o “caldinho” para que se cumpram.Comigo, é bem possível que venha a acontecer o mesmo, ainda não sei, ainda não decidi.
É certo que as televisões se esforçaram por mostrar só os “crentes” ou, se calhar, só os crentes estavam a festejar, mas sinto no ar todo um clima de desconfiança em relação a mim. Reparei que à meia-noite só nasceu uma criança e filha duma guineense, imigrante, portanto.
As cidades também estavam particularmente escuras – poucos as iluminaram para o Natal ou para me receber a mim. O senhor presidente da Câmara da capital, esse então, embarcou alegremente no empobrecimento do partido que não é o seu, e nada de iluminações ou festarolas; coitado, não percebeu, ao contrário de outros, que as pessoas teriam agradecido um pouco de normalidade.
As minhas primeiras impressões não são boas, não, mas ainda não sei o que vou fazer com estes portugueses que elegeram Coelhos e Relvas; não sei se os castigue ou se considere que para castigo já basta assim.
Ainda não sei, ainda não decidi.
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