Quando entramos na nave central do CAM, a sensação que temos é que chegámos a um lugar inventado por Doris Salcedo, como um memorial.
A instalação remete para a abertura duma vala comum na Colômbia, país da artista, onde se encontravam os corpos de 162 jovens mortos por um exército mercenário.
Com base nessa dolorosa e violenta vivência, a artista empilhou, duas a duas, 162 mesas. Entre elas, terra amassada onde se detectam pequenas raízes, e de cada mesa superior saem pequenas folhas de relva. Assim se constitui um labirinto que somos forçados a percorrer na sua interminável repetição.
É como visitar um cemitério (e os pés das mesas, no seu conjunto, lembram os alinhamentos das lápides nos cemitérios), onde não jaz ninguém que a gente conheça, mas onde mais não cabe que o silêncio ou uma “oração muda” .
Percorrendo o labirinto percebe-se a justeza do que Nuno Crespo escreveu no Ípsilon de 11 de Novembro –“A história do trabalho de Doris Salcedo é a história dos lugares em que a felicidade é um luxo e a tragédia humana quotidiana.”
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