Argumenta o doutor que "os genéricos podem não ser bioequivalentes entre si: têm diferentes métodos de fabrico, têm diferentes excipientes [substâncias sem actividade terapêutica], têm diferentes impurezas e por isso muitos doentes sentem o efeito dessas modificações".
Ora, eu acredito que cada médico que prescreve um genérico sabe exactamente quais os excipientes e impurezas que cada um dos laboratórios tem no seu comprimido ou xarope. Para isso, perde noites de sono analisando cada produto, por laboratório, para depois receitar especificamente este e não aquele ao senhor António e aquele e não este à D. Joaquina. Deve ser o que se passou, por exemplo, com aquele médico algarvio que conseguiu receber do Estado, em 2009, 744 mil euros – queimou as pestanas a estudar genéricos, suas impurezas e excipientes, em muitas, muitas horas extraordinárias.
Depois da luta travada contra os próprios genéricos, esta aguerrida defesa da escolha irrevogável do médico no que toca à marca do genérico, fez-me lembrar, não sei porquê, uma situação vivida há mais de 20 anos.
Chegada a Primavera, o alergologista prescrevia a receita para o ano. Enquanto escrevia, ia dizendo: é outro, mas é exactamente igual. Eu perguntava para quê, então, mudar?, ao que ele respondia: não quero que digam na cidade que estou "feito" com um laboratório.
Homem previdente, aquele.
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