Era uma vez um senhor, chamado Bernardo Bairrão, que era administrador duma TV onde também trabalhava um casal de nome Moniz/Guedes. Eram próximos, muito próximos. A senhora Guedes tinha um programa de má-língua à sexta-feira onde dizia tudo e mais um par de botas do primeiro-ministro (o outro, o anterior). Digo isto porque me contaram; eu nunca vi porque tenho por norma nunca me aproximar duma boa peixeirada (cobardia minha).
No ano passado, não sei como, nem porquê, nem quem mandou, mas sei que a senhora Guedes foi despedida e acabou-se o palanque da má-língua. O extremoso marido saiu também daquela TV mas o senhor Bernardo lá continuou, impávido e sereno, sentado na mesa da administração, assistindo (talvez até participando) da saída do mega-casal. Suponho que o super-mega-casal não gostou. Com a chegada dum novo governo, o senhor administrador Bernardo B. foi convidado para secretário de estado do ministério das polícias e fogos e cheias e bombeiros e essas coisas todas, e aceitou. O casal ressentido parece que espreitou a oportunidade e insinuou, junto de quem de direito, algo mais nebuloso sobre o passado do ex-amigo. Resultado – o senhor Bernardo foi desconvidado.
A senhora Guedes, que tinha ficado desempregada, apressou-se a anunciar que ia para a outra TV, mas nunca mais ia. A outra TV manteve-a em banho-maria desde Novembro a ver em que paravam as modas e agora, com a chegada dum novo governo, argumentando com “uma alteração de contexto”, desconvidou-a. Acho normal. De facto, para que quer um homem na sua TV uma senhora a dizer mal do seu partido e do seu governo? Ainda se lá estivesse o outro, podia continuar a peixeirada.
Resumindo: em vez de uma desempregada, ficámos com dois.
Resumindo mais: a traição e a vingança fazem parte do código genético da humanidade.
Resumindo mais ainda: histórias assim, de tão banais, não são histórias não são nada.
Nota: estas instrutivas informações foram todas colhidas no Expresso de 2 de Julho.
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