Ao entrar na nave central do Centro de Arte Moderna de Gulbenkian instala-se em nós, momentaneamente, a dúvida sobre se estaremos a entrar numa exposição ou num museu de ciência. Poderá também dar-se o caso de ser uma fábrica de brinquedos, ou uma sala para exercícios de brainstorming criativo.
Pela luz, cor e movimento, intuimos um espaço festivo; pelo persistente ruído de fábricas e motores sentimo-lo um pouco ameaçador. Esta ambivalência, porém, não tolhe, antes estimula, a vontade de entrar e participar na “brincadeira”
Esta “brincadeira” é uma exposição de grande fôlego, em boa hora trazida a um CAM tantas vezes mortiço nos anos recentes.
Com mais de cem peças expostas, a criatividade tomou conta do sítio, transformando-o, como se lê na publicação que acompanha a exposição, em “várias linhas de montagem compostas por elementos que tanto podem ser reais como virtuais, orgânicos como mecânicos, ecológicos como poluidores, desenhados e criados de raiz ou simplesmente reciclados. Invenção manual e ready-made unidos como elos da mesma corrente”.
É todo o mundo em que vivemos que ali está representado, por vezes com ironia, por vezes com ternura, por vezes com dureza, mas sempre com enorme atenção e sentido crítico.
Uns após outro, estes “brinquedos”, entre a arquitectura e a escultura , o Meccano e o artístico, a natureza e a invenção do homem, fascinam e atraem, convidando a que nos demoremos com cada um deles.
Uma grande exposição que vale a pena ver. Será bom levar as crianças (não demasiado pequenas) e os jovens. Eles lá estavam, tão entrosados nos objectos como os adultos.
Sai-se feliz desta experiência.
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