Richard Zimler, que vive no Porto há 20 anos, diz três frases corajosas.
Assim:
- Um dia tive uma revelação: nunca mais vou pedir desculpas por ser eu.
- Não quero ser adaptado, tenho a lata de pensar que, às vezes, tenho razão.
- Ficar zangado é a minha bateria.
Se pensarmos bem, ao longo da vida, é frequente não sermos nós próprios; abdicamos de o ser para corresponder às expectativas dos outros - nossos pais, filhos, companheiros, colegas, patrões, amigos, vizinhos etc.
O momento em que decidimos “nunca mais pedir desculpa por ser eu” é, como Zimler diz, um momento de revelação, o momento da verdade, da maturidade, o momento de deitar fora os antidepressivos de que, ao que parece, somos grandes consumidores. E se esse corresponder, de facto, ao momento duma vida, é impossível que se transforme no muito frequente autismo com que nos deparemos e que, com arrogância, nos dispara: “eu sou assim, e pronto”. Pelo contrário, a autêntica aceitação e afirmação do que somos conduz directamente à aceitação do que o outro é, logo, à facilidade de harmonizar posturas distintas, quando não, em conflito.
A segunda declaração está profundamente ligada com a primeira porque ter “a lata de pensar que tenho razão” é também não ter medo de se ser o que se é. Umas vezes vem a provar-se que tínhamos razão, outras vezes nem tanto, mas, em qualquer das duas situações, quem “não pede desculpas por ser eu”, nunca exige uma medalha por ter razão nem vai esconder-se debaixo da cama por não a ter.
Finalmente, ficar zangado não é só uma bateria, é frequentemente o próprio, e bendito, motor para resistir sem antidepressivos, e para cada um no seu “quarteirão” tentar melhorar um pouco a vida de todos e de cada um.
Nunca li nada de Richard Zimler, mas acho que vou ler.
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