segunda-feira, janeiro 24, 2011

Palavras

“Na perspectiva do homem moderno, as pessoas de antigamente tinham menos liberdade. As possibilidades de escolha eram menores, mas a responsabilidade era, sem dúvida, muito maior. Nem sequer lhes ocorria que pudessem descartar-se dos deveres a seu cargo, da fidelidade ao lugar que a vida parecia ter-lhes outorgado.
Era notável o valor que as pessoas davam às palavras. Nunca eram armas para justificar factos. Hoje todas as interpretações são válidas e as palavras servem mais para nos descartarmos dos nossos actos do que para responder por eles.”

Resistir, Ernesto Sabato, Dom Quixote, 2005

Vem isto a propósito do teor do discurso de vitória de Cavaco Silva na noite de domingo. Durante a campanha não respondeu a nenhuma questão incómoda e no final, qual virgem ofendida, esperneia, ataca tudo e todos e esquece-se, pela primeira vez na história das eleições presidenciais, de cumprimentar os candidatos derrotados.
Fui-me deitar um bocadinho angustiada, não sei porquê.



Sem comentários:

Enviar um comentário