sexta-feira, janeiro 11, 2013

O caso da mala Chanel


Ontem, o “caso” no ciberespaço, logo a seguir ao documento-catana do FMI, foi o vídeo de promoção Samsung com a blogger de moda Filipa Xavier (houve outras).

A jovem deseja, para 2013, poder comprar “com o seu dinheiro” uma carteira clássica e preta da Chanel, e di-lo, entre outras coisas igualmente de grande interesse, com todo um linguajar de tia de Cascais.

O que se passou nas redes sociais (eu própria partilhei o vídeo) não é mais  do que a prova de que em Portugal a luta de classes e a dicotomia direita/esquerda, existem e estão, até, com demasiada saúde.

Por enquanto apenas se manifestam virtualmente, mas não restam dúvidas de que existem, e podem passar ao plano do real assim que o momento se afigurar propício.

Meio-termo e conciliação são, hoje, sonhos; as posições extremaram-se e já não há nenhuma tolerância para com uma menina apalermada que deseja uma carteira Chanel para 2013, quando dezenas de milhares de portugueses só desejam que não lhes falte a sopa, ou que possam comprar uma aspirina.
Não há tolerância para quem vive fora da dura realidade.

Quanto mais desiguais as sociedades, mais intolerantes, é sabido.
“A coisa aqui está preta”, e vai ficar pior.

 
Vídeo aqui, se ainda não tiver sido retirado, como se anunciou.

1 comentário:

  1. O pior, no meu entender, é a falta de vergonha em assumir esse desejo publicamente, numa campanha. Já tê-lo é como se diz "é para quem pode (e quer)".

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