sexta-feira, novembro 02, 2012

Ulrich saído da caixa

Há dias em que olho para Ulrich e vejo uma picareta falante. Noutros vejo um boneco de mola saído da caixa com a incumbência própria do bobo da corte – bandear-se e fazer rir os cortesãos, seus donos. Tomou o gosto à coisa, que é como quem diz, a fazer palhaçadas e a dizer alarvidades, e já nem quer outra vida.

Está em todas, nem deve ter tempo para ir ao banco.

E como ele está contente consigo próprio, e como ele gosta de dizer tudo o que lhe vem àquela cabeça pouco esperta, e como ele sente a impunidade, e como ele gosta de achincalhar, e como ele é provocador.

“Aguenta, aguenta”, diz o boçal Ulrich sobre a nossa vida, e eu pensei logo em ir fechar a continha lá na loja onde ele trabalha mas, confesso, fiquei um bocado aflita.

Pensei, vou-me embora para onde?

Do BCP já fugi há anos, da Caixa Geral de Depósitos nunca me aproximei porque não gosto de marajás com um séquito de burocratas, ao Salgado não comprava nem uma vespa em segunda mão e, no que toca aos poucos restantes, era só mudar as moscas.

Resolvi ficar, até porque, hoje, abrir uma conta num banco é muito mais complicado, moroso e cansativo do que despedir 600 pessoas ou declarar falência.

Outra razão para não me dar a esse incómodo é que me parece que, qualquer dia, qualquer coisa, que não só as montras gregas, se vai partir bem perto do palerma do Ulrich, e isso vai assustá-lo tanto que até talvez fique gago.

Nesse dia, os donos do palhaço mandam-no bugiar e contratam outro.
Sempre mudam as moscas.


2 comentários:

  1. Ulrich sucedeu a um senhor respeitável que fundou o Bpi. Agora expõe desbragadamente o deu pensamento, que anda muito próximo do de Salgado, com uma importante diferença - não é o dono, é só a voz! Mas, como na anedota, para quem não sabe voar, anda com muita letra ...

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