sexta-feira, março 23, 2012

A greve geral, parte 2


Percorro o Facebook e vejo que é dado grande destaque aos incidentes com a polícia no Chiado.

Aquilo que me apetece dizer é que o dia foi bom, porque todos tiveram o que queriam. O governo fala tanto em prevenir tumultos porque, de facto, os deseja. Mostrar quem manda e “partir a espinha aos sindicatos”, qual Thatcher sem malinha, é o seu intento.

A polícia de choque nasceu para “molhar a sopa” e sempre atuou nos mesmos moldes, aproveitando agora para se vingar de agravos vários.

Os sindicatos nada tiveram que ver com a pancadaria no Chiado, mas sempre houve, fora deles, quem se dedicasse à provocação à polícia. Ouso até dizer que alguns quase iam meter a cabecita debaixo do bastão, como quem diz: bate aqui, bate aqui, eu quero ser a vítima e tu o brutamontes.

Porém, longe (felizmente) vão os tempos em que a maioria fugia a sete pés da polícia de choque porque ser apanhado implicava ir para à Pide e não, como agora, mostrar o sangue às televisões.

Nesses tempos sombrios também se aprendia a não responder às provocações dos infiltrados, porque sempre os houve e haverá.

Em suma, todos tiveram o que queriam – governo, polícia, plataforma 15 de Outubro e até as televisões. Só o Arménio Carlos não ganhou a taluda.

Ontem foi uma tarde terrível para a democracia portuguesa (como li por aí)? Ora poupem-me. Nos últimos anos todos os dias têm sido terríveis para a democracia portuguesa, só que o de ontem foi mais animado.

Não são os bastões que nos lixam, são as políticas.


1 comentário:

  1. A tua frase final é paradigmática e consubstancia uma súmula perfeita!

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