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terça-feira, abril 26, 2011

O "escarafunchanço" de Ana Markl

Ana Markl escreve no Atual do Expresso de 22 de Abril uma interessantíssima crónica sobre o “escarafunchanço” nas feridas (suponho que amorosas) que algumas músicas ajudam a fazer. Conta, ligeiramente, como em cada idade se escarafuncha na dita, fala de crostas que se metem na boca, de facas para rodar na ferida, de sacos de confetes (?) que nos hão de cair em cima, do mail dum amigo especialista nessa arte (do escarafunchanço, claro), etc.
Aquilo é uma prosa magnífica a servir um conteúdo que não está ao alcance de todas as cabecitas – o escarafunchanço.
Talvez por isso eu não tenha percebido nada à primeira leitura mas, como sou uma burra teimosa, como todas as burras, suponho, resolvi fazer uma segunda (e penosa) leitura.
Com esforço acho que cheguei lá, e concluí que aquilo devia ter muita filosofia – de Platão a Immanuel Kant, passando por Nietzsche e Heidegger, e que eu é que não estou preparada para tais leituras.
Devem ser coisas que só os mais novos entendem, aqueles a quem a escola recente dá sólida formação em filosofia, que inclui, certamente, o escarafunchanço. Eu estou out.
O que me parece é que esses mais novos não leem, e muito menos compram, jornais. Daí a minha inquietação por também não perceber os critérios editoriais do Expresso para o seu suplemento cultural.
Eu bem escarafuncho, mas não entendo, e fico cada vez mais perplexa, embora esteja completamente encantada com a beleza dessa palavra da lingua portuguesa em boa hora escolhida por Ana Markl - ESCARAFUNCHANÇO. É lindo!

quarta-feira, março 30, 2011

Transparência do monopólio

No caderno de Economia do Expresso de 26 de Março, há duas notícias que ainda não percebi se se complementam ou se contradizem.
Nicolau Santos dedica uma coluna ao “Maravilhoso Mundo da Distribuição” onde se pode ler.
“ Os dois maiores distribuidores (Continente e Pingo Doce) representam mais de 50% do mercado de distribuição, mais do que a soma dos sete seguintes, uma estrutura que não existe em mais nenhum país da União Europeia. Em Espanha, por exemplo, Mercadona e El Corte Inglês têm quotas inferiores a 13%.”
Resultam daqui contratos leoninos com os fornecedores – “um contrato entre as duas partes tem 28 obrigações para os fornecedores (e respetivas penalizações) e apenas 3 para a distribuição; e nos direitos, 12 para a distribuição e 3 para os fornecedores”.
Acresce que, ao criarem as suas próprias marcas, os distribuidores vendem o mesmo produto mais barato, em concorrência desleal com o seu próprio fornecedor que, assim, se vê obrigado a tudo aceitar para escoar o produto.
Umas páginas mais à frente, leio: “Sonae entra no Ranking da Ética “tendo sido distinguida pelo americano Ethisphere Institute pelas suas “práticas de negócios transparentes e iniciativas em benefício da comunidade.”
Ora, sabemos como a transparência para os americanos pode ser, aos nossos olhos, tanto absolutamente cristalina como revestida duma certa opacidade.
Dou de barato que as práticas da Sonae são transparentes mas…serão justas? Serão redistribuidoras da riqueza?
Monopólio (ou quase), é monopólio. Sempre foi como o eucalipto – seca tudo à sua volta.

terça-feira, março 01, 2011

Expresso light?



O semanário Expresso tem nova direcção encabeçada por Ricardo Costa.
É normal que cada novo director tenha o direito de escolher, além da sua equipa, também os seus cronistas. Uns saem e outros entram.
Inês Pedrosa foi uma das que saiu da revista Única. Não sendo uma fã incondicional das suas opiniões ou dos seus romances, foi um prazer vê-la crescer como cronista, semana após semana. Foi substituída não por um, mas por dois novos cronistas – Nuno Markl e Guta Moura Guedes.
Poder-se-ia pensar que o leitor ganharia com este inusitado “sai um, entram dois”, mas, pela amostra da primeira semana, não estou confiante; aquilo é muito, muito light e ambos escreveram crónicas fraquinhas, tão fraquinhas que até dói.
Inês Pedrosa, como todos os cronistas, tem temas de eleição, entre eles a situação das mulheres e a violência doméstica.
Ora, estes temas, como já aqui escrevi, não são modernaços nem sexy, e palpita-me que o jovem (?) Ricardo Costa não os deve apreciar.
Eu, ao contrário, gosto que eles não sejam esquecidos, e sempre digo que sou feminista.
Contudo, o meu feminismo apenas se alicerça no desejo dum mundo com direitos e deveres iguais para ambos os géneros, e nunca no domínio de um pelo outro.
Vem isto a propósito do que diz Maria Filomena Mónica, senhora com uma costela estrangeirada e outra medina-carreirada, para quem nada está bem, o país é uma “bosta”,  e que também passará a ter uma crónica (julgo que mensal) no Expresso.
Ela é uma das várias pessoas a quem é pedido, na revista Única desta semana, que antecipe o ano de 2049.
Depois de tecer várias considerações sobre o cromossoma Y termina dizendo (e transcrevo):
Em 2049 os homens ainda se passearão pela superfície da terra, mas já bastante debilitados. O mundo do século XXI, e por aí fora, pertence ao cromossoma X, ou seja, às mulheres, ironiza. E termina com uma frase-bomba. “ O cromossoma Y não tem mais do que o que merece.”.
Se eu dissesse à MFM que sou feminista, ela fugiria de mim como da peste.
Contudo, esta senhora, que não é feminista, odeia os homens e eu, que o sou, adoro-os.
Pai, marido, filhos, irmão, amigos homens, ADORO-VOS e peço-vos encarecidamente que não deixem definhar o cromossoma Y, apesar das suas sabidas fragilidades.
Nem quero imaginar o que seria um mundo repleto de Marias, Filomenas ou Mónicas!