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quinta-feira, novembro 27, 2014

A mim chateiam-me, pá!




Gosto da diversidade, mas detesto os que têm que ser sempre diferentes.

Gosto da crítica, mas detesto que ela me apareça (mal) embrulhada em pensamento filosófico.

Gosto de alguma ambição, mas detesto ambiciosos que gostam tanto de subir como de puxar tudo o resto para baixo.

Hoje, o “cante” alentejano foi classificado (e não “elevado”, como dizem os ignorantes) como património imaterial da humanidade.

Eu alegrei-me, sou alentejana, mas também me alegrei quando foi a vez do Douro, ou de Sintra, ou de Angra e, sobretudo, de Évora.

Neste tempo tão desclassificado que vivemos, como escreveu o Daniel Oliveira, “continua a ser a cultura, essa inutilidade, a dar-nos quase todas as boas noticias”.

Classificar (pela Unesco) ajuda a divulgar, preservar, manter vivo.

E não é que, no entrementes, encontrei um intelectual que tem dificuldade em compreender isto, e que se perturba tentando entender o entusiasmo geral?

Ora bolas pr’ó intelectual!

Todos estão no seu direito de ficarem indiferentes, ou até de estarem contra, mas vir, num dia como o de hoje, questionar o unanimismo da alegria do povoléu, é de quem precisa, à força toda, de se pôr em bicos de pés.

Dizem que o país precisa de todos. Talvez, mas a mim chateiam-me, pá!

quinta-feira, outubro 20, 2011

Meia hora (de cada vez)

No dia em que se conheceu a obrigatoriedade de trabalhar mais meia hora por dia, o jovem quadro saiu da empresa, como é muito frequente, aliás, à 1 hora da manhã. No dia seguinte, dirigiu-se à secção de pessoal e disse com ironia:
  - Ontem saí à 1 hora. Isto quer dizer que, a partir de agora, tenho que sair à 1h30?
Há muitos anos que, para uma boa parte dos portugueses, não há hora de saída. O trabalho é muito e o pessoal é pouco; por isso, sai-se quando se pode ou não se aguenta mais.
Para os que ainda têm hora de saída, esta medida da meia hora diária a mais tem exactamente o mesmo objectivo – alcançar maior lucro com menos custos de trabalho, mas à custa do esforço e da vida pessoal do trabalhador.
Há 50 anos, nos campos alentejanos trabalhava-se de sol-a-sol; contra os latifundiários, contra a ditadura e pelo direito às 8 horas de trabalho, os rurais alentejanos travaram uma heróica luta. E ganharam.
Teremos que recomeçar tudo de novo?