Caro António
Costa, estou em vias de perder a paciência consigo.
Para começo
de conversa tenho que lhe confessar que fui daquelas que muito se insurgiram
contra a inépcia do seu colega Seguro, e que achei que o senhor poderia fazer
melhor oposição.
Perplexa, após
cinco meses de exercício do cargo, não percebi ainda qual a grande diferença
entre ambos. E não serei a única, julgo.
Desde que se
tornou secretário-geral do PS, o senhor, quando não está calado, está a pôr
velas à Senhora da Asneira.
Só nos
últimos tempos, houve a história do 1 euro para aterrar em Lisboa, do aumento
das taxas na factura da água, da proibição de circulação de veículos antigos,
do perdão de taxas ao Benfica, tudo decisões polémicas, tomadas no âmbito da
sua actividade autárquica.
Deixe que
lhe pergunte: por que não larga a Câmara?
É que esta,
não só lhe rouba tempo para a política nacional, como o obriga a tomar medidas às
vezes impopulares, às vezes incompreensíveis, às vezes apenas parvas, mas que
são aproveitadas contra si, e sem contemplações, pela corja que está no poder.
O grande
tiro no pé, porém, foi dado agora no discurso que fez para chinês ouvir.
Eu sei que o
senhor não queria dizer que o país está melhor, sei que não o disse, que usou a
palavra “diferente”, mas toda a gente percebe que, se quer vender um produto e
diz que ele é diferente, só pode ser para melhor.
O que lhe
aconteceu neste infeliz momento, e que talvez venha a acontecer noutros,
resulta, parece-me, da falta de preparação; daquela preparação que o senhor não
está a fazer, talvez por falta de tempo.
Ao
contrário, o malandreco do Nuno Melo, mais os seus amigalhaços, têm muito tempo,
e estarão sempre à coca para o entalar, não duvide.
Insisto: por
que não deixa a Câmara para o fresco Medina e não se dedica a estudar os dossiês,
a treinar reações rápidas e eficazes, a preparar os discursos e os improvisos?
Vai-me falar
no Jorge Sampaio? Vai-me dizer que ele fez o mesmo e que foi eleito Presidente
da República? Bom, a verdade é que, para além de isso ter sido há vinte anos,
num tempo bem diferente, portanto, o senhor também não é o Jorge Sampaio. Bem
longe disso, aliás.
Sinto, na
sua actuação política, uma desconcertante ligeireza, e uma ausência de percepção
de como estamos todos à beira do colapso nervoso.
Sugiro-lhe
que deixe para lá o Alfredo Barroso, que apenas aproveitou o momento para sair
do PS − não se perde grande coisa, e amanhã já ninguém se lembra, não se preocupe
comigo que já perdi a paciência consigo, mas tente, ao menos, respeitar os
milhares de portugueses que, em Setembro, saíram de casa para o apoiar,
preparando-se condignamente.
O caminho,
para si, e até às eleições, estará sempre pejado de cascas de banana, mas se
largar “o osso” da Câmara evitará uma enormidade delas, vai ver.
Não acredito
que siga o meu conselho, mas será pena.
Curiosidade: este é o milésimo post deste blog.
Curiosidade: este é o milésimo post deste blog.
Mil vezes parabéns!!! E obrigado ; )
ResponderEliminarMil vezes obrigada. Por existires :))))
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