sábado, abril 26, 2014

A gente saiu à rua











Nestes três últimos miseráveis anos, eu “pecadora” me confesso: tendo deixado as militâncias políticas há muito tempo, foi nas redes sociais que encontrei companhia para enfrentar a infâmia que é esta forma de governar.

Não só com este blogue, que me permite pensar “alto” tudo o que me apetece, mas sobretudo no Facebook, de reacção mais rápida e mais interactivo.

Foi lá que encontrei muitos que não conheço, nem nunca conhecerei, mas que sentem como eu, se preocupam como eu, ou se divertem com o mesmo que eu. Amamos a liberdade e a democracia, e o 25 de Abril é uma data querida que carregamos com desvelo e carinho para onde quer que vamos.

Nestes três anos de insultos e destruição, muitos foram os momentos em que parecia que íamos morrer de tristeza ou inconsequente indignação.
Talvez por isso, e ao contrário, a celebração dos 40 anos do 25 de Abril acontecida ontem, trazia no ar benignos pólenes de primavera e de festa − a rua foi nossa; a alegria e a cumplicidade também.

No Expresso, o jornalista Fernando Madrinha sugeria: “que este 25 de Abril, além de um cravo na lapela, consiga pôr em cada rosto um sorriso. Ainda que nostálgico.”

Houve cravos e sorrisos, sim, mas não eram nostálgicos. Eram simplesmente sorrisos de gente que celebra um dia que é seu, prenhe de memórias e sonhos.

E celebrar é preciso.

No Facebook encontrei comentários e depoimentos lindos e sentidos de “amigos” que estão longe ou longíssimo, de “amigos” que sofreram a prisão na ditadura, de “amigos” que eram ainda crianças em 1974, mas os melhores, os que mais alegria me trouxeram foram escritos por duas jovens mulheres da família, filhas, já, do 25 de Abril.

Escreveram elas:

Hoje é o dia.... 40 anos!
A todos os que contribuíram para que eu pudesse viver, pensar e falar em Liberdade, Muito Obrigada.  E agora também cabe a Nós defendermos esses valores e lutarmos pelos mesmos.

 ......

Obrigada Avô!
Obrigada Pai, Mãe, Avós, Tios e Tias. Pelo 25 de Abril e pelos valores que trago comigo. A vós os devo.
Obrigada aos outros, mais e menos anónimos.
Abril não vai morrer.

Ah! Como é bom saber que o Abril que amamos tem quem tome conta dele no futuro. É que isso, ainda por cima, também quer dizer que alguma coisa acertada fizemos.

Nota: na imagem, celebração na minha terra – Évora – que há muitos anos parecia uma bela adormecida.

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