sexta-feira, outubro 04, 2013

Um bom naco de prosa para o fim-de-semana


“É tarde, é muito tarde, cada vez mais tarde, já nem sei se dia se noite, perco-me de mim, as horas não me repelem nem me arrastam para o sono. Acho que faz dias que não acordo. Só sonho. A carta que não te escrevo é um sonho. Um sonho de saudade e de paciência, a mesma que me ensinaste. Quando só resta esperar só resta esperar. Eu espero. Não sei se são estas palavras que te não escrevo que trazem o meu resto de vida arrastado ou o contrário. Tanto faz. Atordoado, eu permaneço aceso. Tens de ser tu a soprar a vela, como sempre fazias ao deitar.
Sopra-me.”

A ler, a ler, a ler.
(e sem acordo ortográfico)

“Que Importa a Fúria do Mar”
Ana Margarida de Carvalho
Ed. Teorema

 

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