Se eu fiz eles também podem fazer.
Se ficam nervosos, habituem-se.É este o discurso, que me parece pobre como justificação.
Se é certo que temos exagerado um bocado no experimentalismo educacional, é também certo que ele não tem impedido a aprendizagem; vejam-se os milhares de jovens licenciados que, recentemente emigrados, têm encontrado trabalho compatível com as suas habilitações em muitos países que lhes louvam a excelente formação, desfazendo, duma penada, os discursos do “não sabem nada” e do “ter um curso não adianta”.
Sou da
geração que fez todos os exames, começando na 4ª classe e até ao fim dos
estudos.
Esse exame, aos 10 anos, serviu-me
para alguma coisa?
Sim, serviu para ter medo – medo do poder
e medo de falhar.
Incutir medo
logo cedinho era uma estratégia que muito convinha à ditadura, que o
acompanhava como o “encornanço” acéfalo das matérias do livro único. Assim se começava
a garantir um rebanho pacífico e acrítico com consequências colectivas que ainda
hoje se fazem sentir.
Ir para a escola e aprender sem medo
foi uma conquista de Abril, de que os meus filhos usufruíram.
Não fizeram
exame no 4º ano mas não estudaram menos que eu, ao contrário, e nem sabem menos
que eu, ao contrário também.
Mas, como
diria a outra, isso agora não interessa nada; Crato tem a sua agenda própria e
quer cumpri-la, ainda que ela nos faça retroceder meio século.
Se o
deixarmos ficar lá muito mais tempo, talvez ainda o vejamos a ordenar o
regresso do crucifixo e da reza matinal à sala de aula.
E a cantar o hino pela manhã com saudação à bandeira...O que me chateia ainda mais é que não há dinheiro e em vez de se investir em coisas que valham a pena, andamos nesta fantochada.
ResponderEliminar~CC~
Se os exames custaram 600 000 euros é porque há dinheiro, mas é para o que eles querem.
Eliminarexactamente, mª jesus (post e sua resposta)
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