terça-feira, abril 09, 2013

Das bolachadas em falta


O discurso que Passos Coelho proferiu no domingo passado deixou-me, como é costume, muito mal disposta.

A questão nem é de conteúdo. Não gosto desse conteúdo, já se sabe, penso exactamento ao contrário do primeiro-ministro e do governo em geral mas, paciência, é a vida (democrática).

O que me deixa mesmo, mas mesmo muito desconfortável, é a forma e o tom.

Voltou a acontecer no discurso pós-decisão do Tribunal Constitucional − ai pensavam que se ficavam a rir, pois vão ver como vos vou castigar, seus palermas.

Desde que tomou posse, vai para dois anos, que Pedro Passos Coelho se nos dirige como se falasse com súbditos que não lhe merecem nenhum respeito, não exigem quaisquer cuidados de linguagem e devem ser permanentemente amedrontados.

Os dislates são incontáveis, mas, por mim, guardarei como afronta maior e imperdoável o ter mandado os meus filhos emigrar, coisa que uma mãe não poderá admitir a ninguém, muito menos a um imbecil qualquer que começou a trabalhar quase aos quarenta anos.

Como a inteligência também não fixou residência por ali, não consegue analisar-se nem extrair algum ensinamento das críticas que lhe têm sido feitas; por isso continua com o seu estilo de madrasta incompetente a distribuir bofetadas pelos enteados indesejáveis.

Sei que os políticos vão e vêm e os povos permanecem.

Não sei quanto tempo faltará para o Coelho ser obrigado a conjugar o verbo ir, mas duma coisa eu já tenho a certeza: daqui até lá não mudaremos, ou seja, ele vai continuar a achar que eu sou lixo e eu vou continuar a achar que ele é um rapazola grosseiro, desprezível, incompetente e a quem faltaram umas boas bolachadas na hora exacta.

4 comentários:

  1. Veja a minha ignorância, querida amiga, que não sabia destes antecedentes do nosso PM.
    Não me admira, agora, aquele ar de menino mimado, de extrema arrogância.
    bji gde

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  2. exactamente. bolachadas que lhe faltaram

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  3. Quando o governo tomou posse fiz as contas - os retornados e estrangeirados estavam em maioria, e concluí que o exercício de poder seria a hora de vingança sobre um povo que não sentiam como seu. Acertei e mesmo agora com a saída de um retornado, creio que ainda estão em maioria! Isto soa a chauvinismo e talvez seja, sei lá! mas eu gostava mais de ser governado por alguém nado e criado no meu país (bem sei que me irei sentir ainda pior quando forem alemães, espanhóis ou outros!) Como sou politicamente incorreto!

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    1. Eu, se calhar mais vezes do que devia, até gosto do politicamente incorrecto, mas confesso, Jarra, que essa sua teoria nunca me passou pela cabeça.Oxalá esteja enganado e que eles sejam apenas "más pessoas" como muitas outras.

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