Agora vêm os Deolinda com a geração parva, mas ainda não apareceu ninguém para os rebater. Estaremos a perder qualidades se uma geração deixar, sem resposta, que a muito fraquinha cançoneta chamada “Que Parva que Sou” se transforme na sua bandeira.
Aquilo não é um hino nem pode ser uma bandeira; aquilo é apenas um lamento conformista.
Ora, eu não acredito que esta geração “precária” seja parva, porque ela já provou o contrário, mas lá que é individualista, isso é.
Estudados, licenciados, mestrados, doutorados, saberão certamente que ninguém dá nada a ninguém, que as sociedades têm crises, que às vezes é preciso encontrar os outros que estão na mesma situação e FAZER ALGUMA COISA, é preciso dizer basta, é preciso lutar.
Sempre foi assim, e sempre foi pelo conflito, e pelo temor dele, que os governos se mexeram, e que o homem aprendeu a defender-se do homem.
A direita que tem governado o ocidente (mesmo que se chame socialista ou trabalhista) desde a era da senhora Thatcher, privatizando, liberalizando os mercados, incentivando uma sociedade individualista de sucesso a qualquer preço, sub-repticiamente tem estado a fazer o trabalhinho de meter na cabeça destes jovens que a culpa é dos pais deles, instalados em empregos seguros e com direito a reforma. Parece que, para a nova geração ter emprego os pais deviam ser despedidos e sem reforma, para não serem depois acusados de estarem pendurados nas contribuições dos filhos. O que devemos nós fazer quando chegarmos aos 60? Harakiri?
Esta retórica é perigosa e mentirosa, e vem dos mesmos que decretaram o fim da luta de classes e da diferença entre direita e esquerda, tudo isso agora alegremente substituído por uma benévola luta de gerações.
O coletivo deixou de existir, só o “eu” conta mas, de facto, só o coletivo PODE.
Esta geração não é parva, não, e vai, mais cedo ou mais tarde, perceber essa verdade simples mas de todos os tempos
Organizem-se, ou o poder político e económico não se moverá um milímetro. Aprendam a reconhecer quem vos trama e agradeçam aos pais todo o conforto de que, mesmo assim, dispõem.
Felizmente há “casinha dos pais”, esses maus da fita que, na sua juventude, também tiveram que lutar por mais justiça social e melhores condições de vida, muitas vezes fugindo à frente da polícia ou batendo com os ossos na cadeia.
Não há almoços grátis, mesmo. Para ninguém.
clap, clap, clap!!! (são palmas, não sei se me fiz entender...)
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