quarta-feira, fevereiro 02, 2011

A Orquestra


Os países árabes estão em ebulição e, talvez por isso, a visita quase passou despercebida nas notícias mas, nos dias 25 e 26 de Janeiro, esteve em Portugal Avigdor Liberman, Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel.
No final da estadia afirmou: “A comunidade internacional deve pressionar os palestinianos a sentarem-se à mesa das negociações”.
Sendo Avigdor Liberman um dos maiores “falcões” de direita do estado de Israel, percebe-se que o que ele quis dizer foi que a comunidade internacional deve pressionar os palestinianos a sentarem-se à mesa das negociações e a aceitarem caladinhos todas as soluções do próprio Liberman para este interminável conflito.
Porém, há outras formas de pensar por aquelas bandas que, por vezes, conduzem a experiências únicas.
Daniel Barenboim nasceu em Buenos Aires em 1942. Os seus pais, de origem judaica, emigraram para Israel em 1952.
Daniel sempre foi um menino-prodígio da música e tornou-se um pianista e maestro que o mundo conhece e admira.
Em 1999, com Edward Said, palestiniano nascido em Jerusalém e já falecido, forma a West-Eastern Divan Orchestra que todos os verões junta jovens músicos de Israel e dos países árabes. O objectivo é fomentar o diálogo entre as várias culturas do Médio Oriente fazendo música em conjunto.
No verão de 2005 a orquestra deu um concerto histórico na cidade palestiniana de Ramallah, transmitido por várias televisões e gravado em DVD.
O mundo está cheio de homens e mulheres que, como Barenboim, todos dias empreendem acções no sentido de gerar entendimentos entre partes em conflito; são, na maioria das vezes, criaturas sem projecção mediática, silenciosas, e que apenas aplicam os seus esforços naquilo em que acreditam. Seres magníficos e imprescindíveis porque, sem eles, o mundo seria um lugar bem pior
Apesar de o poder estar, na maioria das vezes, nas mãos dos Liberman desta vida, os esforços que empreendem, contra ventos e marés, precisam de ser conhecidos e apoiados. No mundo complexo que hoje temos, a escolha é simples: ou nos salvamos todos, ou não se salva ninguém.
Eles estão apostados em que nos salvemos todos, sem excepção.

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