terça-feira, fevereiro 01, 2011

Luxo


Leio no Expresso de 29 de Janeiro que, em 2010, a leiloeira Christie’s facturou 3,8 mil milhões de euros, o valor mais alto de sempre.
Leio também que o grupo LVMH, que detém várias marcas de luxo que vão do champanhe àquelas malas pirosíssimas Louis Vuitton, facturou, em 2009, 17,5 mil milhões de euros. Por seu lado, a Hermès, empresa ainda familiar que fabrica aquelas malas lindíssimas com um preço mínimo de €3800, vendeu, também em 2009, 1,9 mil milhões de euros
Em Outubro de 2010 a loja Louis Vuitton em Paris começou a fechar uma hora mais cedo porque corria o risco de não ter nada para vender no Natal.
Ao ler estas notícias, lá nos assalta de novo a indignação por, no meio de tamanha crise, quando se perderam 30 milhões de postos de trabalho só em 2010, os que nos habituámos a ver como rico, depois de nos terem metido no buraco, são cada vez mais ricos.
É verdade, mas não é toda a verdade. O mais interessante de perceber é que o eixo do dinheiro deslocou-se, talvez definitivamente.
Os grandes compradores destas marcas de luxo são príncipes e princesas árabes mais a sua enorme parentela, magnatas russos com fortunas filhas de pai e incógnito, empresários chineses devotos do capitalismo do século XIX e brasileiros ricos que, malgré Lula, ficaram ainda mais ricos.
Se eles apenas comprassem malas e lenços de seda não seria grande a preocupação. O pior e que eles compram empresas, bancos e dívidas soberanas (aquelas do mercado secundário e primário, e mais não sei o quê, coisas que não são para o povão perceber).
É sabido que quem paga manda, o que me faz desconfiar que um dia acordaremos a viver no modelo social chinês sem termos percebido, nem muito nem pouco, o que nos aconteceu.
Abre o olho Europa!

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