sexta-feira, janeiro 21, 2011

Vale tudo


Candidato fala aos "servidores" do Estado.
Cavaco alerta para o aumento das taxas de juros com segunda volta.
Cavaco alertou para as consequências de uma segunda volta, que seria "desviar as atenções do essencial". E o "essencial" é que iria causar "uma contracção do crédito e uma subida das taxas de juros com as consequências para as famílias e as empresas".
Público online de 20 de Janeiro


Esta bela tirada do candidato, para além de dar uma excelente ideia do seu entendimento do que é viver em democracia e do seu pensamento político, traz-me à memória um livro do filósofo francês Luc Ferry, intitulado "Famílias, amo-vos" (Círculo de Leitores/Temas e Debates, 2008).
Quase no início, ele escreve:
"Comecemos por uma constatação banal: o medo tornou-se, como já se terão apercebido, uma das paixões dominantes das sociedades democráticas. Para dizer a verdade, temos medo de tudo: da velocidade, do álcool, do sexo, do tabaco, da costeleta de vitela, das deslocalizações, das ONG, do efeito de estufa, dos frangos, dos micro.ondas, do dumping social, da precariedade, de Turquia, do Presidente americano, da extrema-direita, das periferias, da mundialização, para mencionar apenas algumas."

Em Portugal, e pela mão de Cavaco Silva, acrescentámos ontem dois novos medos à nossa vida - o medo de votarmos em quem queremos com medo dos mercados.
Eis uma boa contribuição portuguesa para a esquizofrenia do medo e do calculismo que tomou conta da nossa velha Europa.





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