terça-feira, abril 05, 2022
domingo, abril 03, 2022
Da propaganda
A chamada propaganda política feita pelos partidos que não levam a mal as ditaduras, tem evoluído pouco. Arrebanha-se um punhado de jovens e jovens adultos e bate-se a chapa com os devidos meios de identificação.
Esta imagem é da campanha de Orbán na Hungria (eleições hoje) e tirei-a do Expresso.
Uma pessoa olha e pensa: Ó pra eles tão arrumados, bem vestidos, penteados, banho tomado, maquilhagem discreta, barba aparada, ar saudável. Caramba, a Hungria está cheia de jovens que estudaram em Oxford e foram logo trabalhar para importantes consultoras.
Só que não.
sexta-feira, abril 01, 2022
A bela Jada
Nunca gostei, nem achei graça, ao Will Smith. Por nada de especial, apenas uma antipatia que não se sabe de onde vem, não tem justificação mas também não pede desculpas por existir.
Quanto à sua mulher, não sabia quem era. Conheci-a agora, Jada Pinkett Smith.
Achei-a lindíssima, sofisticada, exótica. Fiquei também agora a saber que rapou o cabelo porque sofre de alopécia, e que decidiu tornar pública a sua doença e o remédio santo que para ela encontrou - rapadela global.
Sabemos que, hoje em dia, tendo meios financeiros, só exibe a careca quem quer, dado que os meios materiais para remediar o mal existem em cada esquina.
O que me quer parecer é que a Jada é uma mulher inteligente e soube tirar partido dum azar da vida. Sem cabelo, ela é imbatível no seu exotismo, com cabelo, bom, talvez fosse só mais uma mulher bonita.
Portanto, acredito que armar-se em vítima corajosa apenas faz parte dum quadro de marketing, montado para lhe trazer vantagens.
Nada disto tem mal nem faz mal a ninguém. O resto, sim.
Mas sobre o resto já toda a gente escreveu e opinou – violência do que tem mais poder sobre o que tem menos, agressividade como modo de vida, masculinidade tóxica.
Infelizmente, a bela Jada parece precisar de tudo isto para se sentir amada pelo seu homem.
quarta-feira, março 30, 2022
O Crepúsculo da Democracia
“O som estridente, dissonante, da política moderna;a raiva na televisão por cabo e nos noticiários da noite; o ritmo rápido das redes sociais e os títulos das notícias que entram em conflito uns com os outros quando por ele navegamos; a lentidão, por outro lado, da burocracia e dos tribunais – tudo isto tem enervado aquela parte da população que prefere a unidade e a homogeneidade. A própria democracia tem sido, desde sempre, ruidosa e tumultuosa, mas, quando as suas regras são seguidas, acaba por criar consensos. Os debates actuais, porém, não o fazem. Em vez disso, inspiram algumas pessoas a silenciarem pela força as restantes.”
Anne Applebaum
O Crepúsculo da Democracia
O fracasso da política e o apelo sedutor do autoritarismo
Bertrand Editora
terça-feira, março 29, 2022
Bom Ano
Como amante de livros que sou, gosto de seguir o trabalho da jornalista Isabel Lucas, seja no jornal Público ou em podcast.
Há tempo, descobri no Spotify, um podcast semanal que ela faz com Mariana Oliveira, que não sei se é jornalista, radialista ou qualquer outra coisa, mas que lhe dá boa réplica.
Paraíso Perdido, assim se chama.
Comecei a ouvir os episódios (que são curtos, 5 a 6 minutos cada) dos mais antigos para os mais próximos, durante o passeio matinal.
Hoje, calhou começar com o programa de 3 de Janeiro 2020. Como é natural, Isabel e Mariana trocaram votos de Bom Ano, coisa que eu também me lembro de ter feito, como faço sempre, sendo frequente que nos desejemos uns aos outros, e em complemento, “que seja melhor que este”.
Acho que sorri.
Mal sabíamos nós todos que nos dois anos seguintes viveríamos uma pandemia, e que à entrada do terceiro ano, uma guerra na Europa.
É uma sorte que não adivinhemos o futuro e que a esperança seja sempre a última a morrer.
Ps: Encontra-se em podcasts da Antena 3 da RDP e nas redes sociais.
sábado, março 26, 2022
Um presidente inconveniente
Acabo de ler que Marcelo vai amanhã, domingo, dia 27 de Março, visitar a ilha açoriana de São Jorge que há uma semana sofre uma preocupante crise sismovulcânica.
Numa semana registaram-se 560 sismo e a hipótese de uma erupção vulcânica não é despicienda.
Depois de o governo dos Açores ter subido para 4 (em 5) o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge, muitos habitantes estão a abandonar as suas casas, quando não a a sua ilha, e os serviços públicos envolvidos numa tal situação devem andar numa roda vivia.
Que vai lá fazer Marcelo? Complicar, certamente. Desviar as pessoas do seu trabalho para darem atenção e protegerem o presidente.
Ninguém, a não ser ele mesmo, vê alguma razoabilidade na sua presença por cima do vulcão.
Habituada que já estou aos seus desvarios, depois desta viagem, fico à espera que vá a Kiev dar um abraço solidário a Zelensky . É o que se impõe.
PS: A saúde mental do Presidente devia começar a merecer um pouco mais da nossa atenção.
sexta-feira, março 25, 2022
Um homem feliz
Olho António Costa e vejo um homem feliz, o que não espanta, porque ele é mesmo um homem de sorte.
Imagine-se que ele(s) não tinha acabado com a geringonça; como iria distanciar-se dos tiros no pé dados todos os dias pelo PCP no que se refere à guerra da Ucrânia?
Imagine-se que, por milagre, a Marcelo lhe tinha dado para ser um homem ponderado em vez de um espalha-brasas e criador de factos políticos, e antes de marcar eleições tinha tentado outras soluções que resultassem. Imagine-se que os portugueses não tinham culpado a esquerda pelo desentendimento e não tinham muito medinho do Chega.
Se os deuses não tivessem trabalhado neste sentido, não teríamos agora um Costa com maioria absoluta, uma esquerda quieta a lamber as feridas, e um Marcelo em perda, a quem mais não resta que fazer birras em público.
Posto isto, nem o euromilhões lhe fugiu, visto que chegou em forma de verbas para concretizar o PRR.
Cereja em cima do bolo ( que pode ser o de noiva): o casamento António/Fernanda parece estar a viver uma nova lua de mel - é que não se largam, quase pior que Maria e Aníbal.
Interrogo-me se a senhora não se cansará de tantas andanças pela mão do António. Não se deve cansar, pois também ela parece satisfeita no desempenho do papel de Constança - como recordava outro António, o Vitorino, "não há festa nem dança onde não vá dona Constança".
Assim é Fernanda, que podia ser Constança.
Mas a felicidade é uma coisa bonita de se ver e o "amor em tempo de cólera" amolece o coração mais empedernido.
quinta-feira, março 24, 2022
Tudo se grava no corpo
A guerra da Ucrânia já dura há um mês. A preocupação mantém-se mas, bem ou mal, perdeu energia no meu corpo.
A primavera entrou pelo calendário e trouxe a tão desejada chuva relaxando um pouco mais.
O regresso ao jardim trouxe recordações de outras primaveras mais felizes.
terça-feira, março 22, 2022
Farmácias do século XXI
É certo que, com o uso cada vez mais generalizado dos genéricos, as margens de lucro deixaram de ser absurdas como o eram há uns anos e por isso elas investem bastante em dermocosmética.
Já quanto aos medicamentos de venda livre, sobretudo os suplementos alimentares, sempre caros e sem comparticipação do Estado, as farmácias não arriscam nada.
Chega a ser caricato.
Aconteceu-me há dias com a compra dum específico fio dental. Não havia, mas podiam encomendar e, quando chegasse, telefonavam. Acedi.
Passados dias chegou o tal telefonema:
É para informar que a sua encomenda já chegou.
Muito bem, obrigada, lá irei logo que possa.
Mas olhe que só tem 3 dias. Depois disso, o fornecedor vem buscar o produto e leva-o.
Mas porquê?
Porque não está pago.
Então vocês, aí na farmácia, não compraram 10 euros de fio dental ao fornecedor?
Não.
Eu, por acaso, também não fui, e fiquei a pensar que assim é fácil ter um negócio. Não há perdas, não há monos. A farmácia é um mero intermediário.
sábado, março 19, 2022
sexta-feira, março 11, 2022
Mariana Mortágua
quarta-feira, março 09, 2022
Está difícil, isto.
segunda-feira, março 07, 2022
Dia Internacional da Mulher
A mensagem continua realista, mas a mudança, para nós, ocidentais, vai-se fazendo - lenta mas efectiva.
Em grande parte do mundo, porém, a situação das mulheres continua aterradora.
Por estes dias, são as mulheres da Ucrânia, com seus filhos, que assombram os meus dias, as minhas noites, e povoam os meus pesadelos.
domingo, março 06, 2022
Sting - Russians
Inevitável recordar Sting
Mr. Krushchev said
we will bury you
I don't subscribe to
This point of view
It would be such an
ignorant thing to do
if the russian love
their children too
sábado, março 05, 2022
Pausa
The Goldberg Variations.
Quando a vida abre uma janela para deixar entrar o ar.
sexta-feira, março 04, 2022
O PCP
Ao PCP, depois de tudo comentar como lhe parecesse justo, bastava terminar dizendo:
"mas nunca, em tempo algum, se pode abocanhar o país dos outros!"
Ainda não o fez.
quarta-feira, março 02, 2022
Quem meus filhos beija...
Os portugueses já não gostam que nos aproximemos dos seus filhos pequenos, mas derretem-se quando nos interessamos pelos seus cães.
Trocámos a criança pelo cão, envelhecemos a olhos vistos, tornámo-nos temerosos e desconfiados, e, implicitamente, mudámos o velho ditado de "quem meus filhos beija minha boca adoça" para "quem meu cão festeja minha boca adoça".
Degenerescência social é também isto, não?
domingo, fevereiro 27, 2022
Guilty pleasures
Passear de mãos nos bolsos pelas avenidas de Lisboa, gozando o sol e a tranquilidade de domingo, sabendo que precisamos é de chuva e não de sol e que, a 4000 quilómetros, milhares de outras mulheres com suas crianças vivem debaixo do chão para fugir das bombas do plutocrata Putin - guilty pleasures.
terça-feira, fevereiro 15, 2022
Shuggie Bain, de Douglas Stuart
Shuggie Bain, de Douglas Stuart, foi o vencedor do Booker Prize 2020.
Numa Glasgow fria, húmida e atravessada pela miséria criada pela política económica e social de Margaret Thatcher nos anos 1980 e 1990, por via do encerramento das minas de carvão, assistimos à abjecta degradação da classe trabalhadora.
Este é o cenário da vida duma família desestruturada, centrada numa mulher muito bonita e bem educada, mãe de três filhos de dois casamentos, que se vai afundando no álcool no bairro triste, pobre, e que vive de magras senhas da segurança social.
É a história de amor de um filho “diferente” pela sua mãe, do seu sofrimento infantil, das suas tentativas para a salvar, numa completa inversão de papéis entre cuidador e cuidado.
Shuggie não salva a mãe, mas também não se perde a si próprio.
Verdadeiramente tocante e chocante, um episódio perto do final: Shuggie, agora com 15 anos, parece, finalmente, ter encontrado uma amiga, coisa que nunca tinha tido.
Encontra-se com ela na parte central da cidade onde ela espera encontrar a mãe, alcoólica e prostituta para, na rua, e com a protecção de um casaco, lhe mudar a roupa interior.
Escrita realista, com pequenos desvios temporais, de fácil mas agradável leitura.