Hoje em dia, quando vamos a um museu construído de raiz, parece que o edifício está em competição com a arte que tem dentro. Todo ele é um “olhem para mim” e, em verdade se diga, geralmente vale mesmo a pena olhar, e olhar, e olhar, e deixarmo-nos envolver com a criativa e bela arquitectura de alguns dos nossos arquitectos. Estes, ainda aspiram ao belo; a arte há muito que se deixou disso. Por isso as romarias de visitantes fazem-se mais para ver o edifício do que o que ele contém.
A Casa das Histórias não é excepção. Quanto ao conteúdo, calhou-me ser preenchido por duas exposições de Paula Rego – “Oratório” e “O Corpo tem mais cotovelos” e nenhuma traz novidades de maior.
Sem deixar de lhe reconhecer a mestria da técnica e a força que caracteriza todo o seu trabalho, sempre acho que ele é produto duma mente povoada por agressivos fantasmas que nunca de lá sairão. Imaginação a rodos carregada de sexualidade mas sempre (ou cada vez mais) perversa. Tudo o que é mau e feio nos humanos, lá está.
Quando saí, e a doçura dum sol que nem parecia de Agosto me bateu na cara, respirei fundo e perguntei-me: mas afinal acabo de sair da Casa das Histórias ou da casa dos horrores?
É inconveniente dizer estas coisas, eu sei, mas mesmo assim, eu digo.
Je m’en fous
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