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quarta-feira, junho 24, 2015

Do lado certo do betão










 
 
 
 
 
 
Poucos anos depois de eu nascer, a Europa do pós-guerra acordou um dia com a construção de um muro em Berlim.

O mundo ocidental chamou-lhe “Muro da Vergonha”.

Com ele cresci e vivi até 1989, data em que o muro foi derrubado pelos povos de leste e todos, no leste e no oeste, achámos que iríamos viver tempos de paz, liberdade e prosperidade.

Não foi o que aconteceu, como muito bem sabemos hoje, mas a minha mais recente perplexidade resulta da tomada de conhecimento da construção de novos muros: a Hungria constrói um muro de 175 quilómetro de comprimento por quatro de altura, ao longo da sua fronteira com a Sérvia, para impedir a entrada de clandestinos, e a Bulgária constrói uma cerca ao longo de toda a linha fronteiriça com a Turquia, junto à cidade búlgara de Lesovo, para impedir a entrada de refugiados. O primeiro trecho, com cerca de 32 quilómetros, ficou concluído em Setembro.” (aqui e aqui)

Afinal, na Europa, e segundo percebo:

a) os muros só são da vergonha se construídos por comunistas;
 
b) também não é vergonha nenhuma os pobres enxotarem os miseráveis;

c) os muros, para estes povos tantos anos subjugados por um, até são, afinal, uma forma expedita de resolver problemas, desde que consigam ficar do lado certo do betão

quinta-feira, agosto 04, 2011

Refugiados 2

Ouvi ontem dizer num telejornal que, actualmente, existem no mundo 44 milhões de refugiados.
O número é brutal mas António Guterres, Alto-comissário da ONU para os Refugiados, disse que este estava a ser um bom ano porque os países vizinhos dos emissores de refugiados (países árabes, sobretudo) estavam de fronteiras abertas e com boa colaboração, ao contrário da Europa.
Acrescentar o quê? Já aqui escrevi sobre isso e os Anders Breivik deste nosso velho continente mostram como é forte a nossa tendência para escolhermos os caminhos das trevas já bastas vezes trilhados.

quinta-feira, maio 26, 2011

Refugiados

Fome, miséria, falsa fé, vingança e medo, parecem ter tomado conta do mundo.
Aqui bem perto, o Mediterrâneo, geralmente tão aprazível e carregado de história, transformou-se num mar de morte, indiferença e medo.
Pessoas que fogem da Líbia e duma guerra apadrinhada pela União Europeia, bem como os pobres da África subsariana que fogem da fome, morrem aos milhares nas águas do Mediterrâneo na tentativa vã de chegarem à Europa. Esta, tolhida pelo medo e egoísmos vários, preocupada apenas com o processo eleitoral que se segue, fecha a porta e atira a chave ao mar.
Nós, cidadãos europeus, aconchegados na nossa indiferença, deixamos que morram.
Os países da Europa do sul têm fortes tradições de emigração – portugueses, espanhóis, e italianos estão espalhados pelo mundo e sabem, com um saber de experiência todo feito, que ninguém emigra por gosto, apenas por desespero.
Não se trata de deixar entrar milhões a quem também não poderíamos dar vida digna por cá; trata-se apenas de encontrar forma política e material de ajudar.
Porém, à luta corajosa destes homens e mulheres por uma vida mais digna, ou apenas pela sobrevivência, respondemos com aquilo em que nos tornámos bons - arrogância e indiferença.
Com tais traços de caráter, a Europa/fortaleza vai secar tanto que, quando morrer, já será múmia. Nem sei se não o será já; pelo menos coração já não tem.