terça-feira, novembro 30, 2021

Herança, o livro

 



Aquilo que, à primeira vista, poderia parecer um livro sobre o incesto, é muito mais do que isso - é um livro sobre os seus efeitos devastadores  na vítima mas também em toda a família, com a elegância de o tema nunca ser abordado explicitamente. Como se isso não bastasse, é ainda um vívido documento sobre a condição das mulheres dependentes dos seus maridos, mesmo em países nórdicos que tendemos a tomar como modelos.

Moderno, delicado, sensível, sofrido mas belo, é este romance da norueguesa Vigdis Hjortk - Herança - prémio da crítica e dos livreiros noruegueses. Foi também nomeado para o National Book Award for Translated Literature nos EUA.

quinta-feira, novembro 25, 2021

Citação

 "Eram facadas no meu coração, porque o amor é um cirurgião que faz operações cardíacas de peito aberto"

Citação retirada do poema  O amor é um cirurgião, de Gunnar Ekelofs.

Há quem saiba dizer apenas o essencial.

quarta-feira, novembro 24, 2021

Marta ministra

 Quando Marta, a ministra, diz no Parlamento, a propósito das queixas dos médicos que "se calhar precisamos de contratar pessoas mais resilientes" devia levar com um pano encharcado na cara.

É uma ofensa gratuita, indesculpável e inadmissível, sobretudo depois do que já vivemos nos últimos dois anos.


terça-feira, novembro 23, 2021

O Centro de Vacinação do Moedas

Primeira iniciativa visível de Carlos Moedas, a que o faz encher o peito e sorrir contentinho: um grande Centro de Vacinação, o MAIOR, segundo diz.

A comodidade dos lisboetas, sobretudo dos pobres e velhos, é uma cena que não lhe assiste. Vamos todos para o pavilhão 4 da Feira de Lisboa, lá para os cus de Judas.

Mas é o MAIOR, caraças! Vocês nunca estão contentes?


quinta-feira, outubro 28, 2021

O mal menor

 Toda a gente que se interessa por política sabe que, na actual conjuntura, depois de derrubado o governo, nada melhor do que ele poderá vir para os portugueses; só pior.

Pergunto-me: se eu fui capaz de escolher, tantas vezes, o mal menor, quando fui votar, os partidos de esquerda não podem fazer o mesmo por mim?

Deixassem-no bem claro, acarinhassem todas as lutas futuras de quem exige resolução de velhos problemas, mas poupassem-nos a governos de Rio ou Rangel, Chicão ou Nuno Melo, Cotrim, Ventura e companhia.

Não o fizeram, terão certamente os seus motivos.

Eu também tenho os meus, mas para não perdoar.

quarta-feira, outubro 27, 2021

Dia de votação do OE

A certa altura da tarde, liguei a RTP Play, no PC, para ver e ouvir o que faltava do debate do Orçamento.

Apareceu-me o Ventura, de gesto largo e sorriso alarve. Como ainda não tinha ligado as colunas, deixei-as ficar sem som.

De segui, aparece a Inês Sousa-Real do PAN. Liguei o som.

Segue-se a Cecília Meireles e eu desliguei o som.

Vem logo a seguir João Oliveira. Liguei o som.

Sobe a Catarina Martins e eu vou para desligar o som, mas opto por desligar a RTP Play.

Precisamos de novos protagonistas.

Agora escuto o silêncio, adequado companheiro da minha tristeza neste dia 27 de Outubro 2021.

terça-feira, outubro 26, 2021

Lido

 "A história da oposição dos homens à emancipação das mulheres é porventura mais interessante do que a história dessa emancipação."

Virginia Woolf

Um Quarto Só Seu

Penguin Clássicos (ed. Bolso)

segunda-feira, outubro 25, 2021

Ghosting

Reflexão de Pedro Mexia, no seu artigo do Expresso, que é também minha há muitos anos.

Eu não encontrei respostas. E creio que ele também não.

"O desaparecimento abrupto e sem explicações numa relação amorosa é inaceitável, embora se compreenda no contexto de contactos epidérmicos ou fugazes, menos dados à empatia. E o desaparecimento entre amigos? Pode um amigo desaparecer? Podemos desaparecer a um amigo? A amizade é uma coisa que desaparece? Haverá um protocolo que não seja o confronto? Há sequer protocolos adequados ao fim de uma amizade? E o que quer dizer amizade?"

Aqui, o artigo

domingo, outubro 24, 2021

O masculino neutro?

Dizem que o uso do masculino neutro na linguagem é uma forma de excluir as mulheres.

Quero inocentar o masculino neutro.

A mim, o que sempre me fez sentir excluída foi a invisibilidade e a complacência.

sábado, outubro 23, 2021

Se

Se PCP e BE não deixarem passar o Orçamento de Estado, se o governo cair, se houver eleições, os partidos de esquerda que não contem com o meu voto, nem, certamente, com o de muitas outras pessoas como eu porque, ao contrário do que eles pensam:

- o óptimo é inimigo do bom

- um Orçamento de Estado não é um programa de governo

- o programa de governo que ganhou as eleições (e em que não votei) foi o do PS

- o governo actual é melhor do que um governo do PSD e amigos, seja o do Rio seja o do Rangel.

Se PCP e Bloco fizerem cair o governo, ao contrário do que pensam, nas eleições levarão uma banhada, e talvez depois a esquerda precise de uma década para se levantar, ou talvez não se levante mais.

Não terão o meu voto. Nenhum deles.

quarta-feira, outubro 20, 2021

O regresso do Zé Carioca


Li isto há muito tempo. Como estava entre os livros do Kobo para download gratuito, descarreguei. Ontem, peguei-lhe e,  sem desprimor para o português do Brasil, e até admitindo que a tradução é fraca, a sensação que tenho é que estou lendo ou ouvindo alguma historinha do Zé Carioca.

Sem drama, mas não se aguenta.

domingo, outubro 17, 2021

3 Livros

 


Três magníficos.
Natalia Ginzburg fala-nos da sua família, integrada no tempo que vai correndo em Itália e no mundo. Com ela percebemos o que já sabíamos sem saber que sabíamos, isto é, que todas as famílias têm o seu linguajar próprio, o seu léxico familiar. Foi contemporânea de Pavese com quem trabalhou na célebre editora Einaudi e dele, a certa altura do livro, e a propósito da sua vida e do seu suicídio, traça um belo e lúcido perfil.
Sobre os outros dois livros, ocorre-me dizer que se pode escrever sobre a dureza da vida com gentileza e sensibilidade (Pavese), ou pode-se agarrar nos cabelos do leitor e atirá-lo contra a parede (Toni Morrison).
Da leitura de todos se sai mais vivo.

quarta-feira, outubro 13, 2021

Diabe que @s carregue

Eu, que tenho da velhice uma visão tenebrosa, às vezes dou comigo a pensar que nem me importo de já não ser assim tão nova.

É que  as aprendizagens e adaptações que são agora pedidas aos mais novos, tornariam, no meu caso,  qualquer interacção com outros numa espécie de caminhada sobre pregos. E eu não estudei para faquir.

Vem isto a propósito da nova linguagem que as questões de género, centrais nos nossos dias, trouxeram acoplada nas suas costas (largas).

Para dar um exemplo: vi no Twitter uma pessoa a pedir para ser chamada apenas de Jo e só com uso de “pronomes neutros” (dixit).

Escreveu “eu própri” e várias pessoas responderam ao pedido chamando-lhe linde e queride.

Ora, eu não sei falar isto. Nem vou aprender.

Ouvi dizer que, nas universidades, se o professor não respeitar a escolha de género do aluno, ou até, o que é pior, a sua não escolha (quando alguém diz que o seu género é neutro, isto é, nem homem nem mulher), pode muito facilmente ser admoestado ou mesmo corrido. Assim sendo, respeitar a escolha de género implica, por vezes, deixar de falar, com essa pessoa, o português corrente, e à mais pequena escorregadela está lixad@.

Fico tão aparvalhada com estas coisas, sinto que já não sou daqui, e dou comigo a pensar - oh cum cagarague, este é mesmo um tempo de camandre.

Pardon my french.

terça-feira, outubro 12, 2021

Uma gargalhada e um ensinamento

 Gargalhada:

Armando Vara tem estado preso porque recebeu vinte e cinco mil euros (25000€) e mais sete mil (7000€) em prendas (onde devem caber os robalos, suponho).

Rendeiro, Salgado, Vale e Azevedo, entre outros, desviaram milhões e estão a viver bem e livres

Ensinamento:

Se queres roubar, rouba muito, porque pouco dá cadeia.

segunda-feira, outubro 11, 2021

Coisas de miúdos


 E diz o Francisco

- Nuno, deixa o miúdo em paz. O Telmo é mais pequeno, é meu amigo, e anda triste. 

E diz o Nuno

- Quero lá saber, não gosto de fracotes. Gosto de betos abrutalhados como eu.

Foto do Público

domingo, outubro 10, 2021

Polónia

Palácio e lago Lubomirski em Varsóvia


Quando estive na Polónia ainda eu era assim, e os polacos um bocado toscos e ingénuos.

Daí para cá... tchiiii, o que mudámos

Agora, diz a Polónia para a Europa:

- Na minha casa mando eu, mas vocês pagam as contas, certo?!

Ai que inveja! Como ficaram espertos!