sexta-feira, março 21, 2025

Os dois lados

 


Vendo a muito badalada, e com razão, série da Netflix - Adolescência -  percebo o que já pressentia antes, isto é, que, na escola, o medo mudou de lado.

Os professores são presas assustadas, e os alunos são feras enraivecidas à solta.
A ver, para saber.

quarta-feira, março 19, 2025

Mundo



 
O mundo está cada vez mais cheio de pessoas que acham a democracia um

 MAL DESNECESSÀRIO

sexta-feira, março 14, 2025

Quotidiano

 




No prédio fronteiro ao meu, anda um alpinista a fazer reparações.
Cedinho, quando abri a janela, estava lá no alto pendurado a fazer não sei o quê. De repente faz pose - pernas abertas, pés na parede, corpo reclinado para trás, braços abertos qual Cristo Rei.
Cá em baixo estava o colega a tirar foto para a postagem. 
Depois, o trabalho continuou.

Mais tarde, no supermercado, estava eu a olhar para os chás na esperança de que já houvesse o que gosto de tomar, vem um empregado e põe-se entre mim e a prateleira dos chás no corredor estreito, para distribuir por ali novas etiquetas de preços. Esperei um pouco para ver se ele se "tocava" mas não se "tocou". Então, toquei-lhe eu no ombro e perguntei:
- Desculpe, eu sou transparente?
- Não, mas como a senhora estava escolher...
- Pois, se eu não sou transparente, o senhor também não o é, e eu assim não posso escolher.
- Ah! pois é, desculpe.
Duas conclusões:
1- A culpa não é dele, que veio de um país distante, sabe-se lá com que dificuldades. A culpa é do patrão que quer o trabalho mas não dá formação.
Aliás, pareceu-ne que o moço estava convencido que estava a fazer tudo bem, tal como o Montenegro; só que este, por fim, percebeu, e o Montenegro, não.

2 - Sei que as mulheres da minha idade vão ficando transparentes, mas é uma coisa que me chateia, pá!
Hoje está sol!

quarta-feira, março 12, 2025

Há cair e cair



 

Visão - O Governo caíu em câmara lenta

Expresso - o Governo caíu em horário nobre

Euzinha - o governo caiu sem compostura.

quinta-feira, março 06, 2025

domingo, março 02, 2025

Grandes enganos

 


O linguajar dos comunistas nas redes sociais, a propósito da inqualificável cena na Casa Branca entre Trump, Vance e Zelensky, é tão assuador que dou comigo, estarrecida a pensar. 

- E eu que já os olhei com respeito...!!! Chiça!

sexta-feira, fevereiro 28, 2025

 


 Sentei-me. Abri o email.

 A Fnac hoje dá 20% de desconto aos seus aderentes.

 Fui ao site e procurei um livro muito, muito recente. Havia.

 Escolhi "compra rápida" e entrega gratuita em casa.

Fui informada de que, se pagasse até à 16 horas receberia a encomenda ainda hoje entre as 18h e as 22h.

Escolhi pagar imediatamente com PayPal.

Em 5 minutos, recebi a informação, escolhi e paguei um livro, e vou recebê-lo daqui a pouco em casa.

Tudo sem levantar o rabo do sofá.

A próxima geração já nascerá sentada.

sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Acordares

 


No dia em que, ao acordar, eu consiga não ouvir as notícias, serei feliz e estúpida.

Ou felizmente estúpida.

Ou estupidamente feliz.

terça-feira, fevereiro 18, 2025

Capuchinho


Elegante, frágil, limpa, perfumada, airosa, leve - retrato da Europa no primeiro quarto de século do terceiro milénio, e tudo o que ela não precisava de ser agora, quando de todos lados nos soam botas da tropa e nos cheira a medo.

O Capuchinho Vermelho vai alegre pela floresta.

À coca estão, não um, mas dois lobos maus.

domingo, fevereiro 16, 2025

Vilões

 












Para memória futura:

Não há Bom. Só o Vilão, o Vilão, e o Protovilão.

Sabemos o nome dos vilões, mas o do protovilão saberemos?

A criança chama-se X Æ A-Xii .😮

 

Já tivemos, em 50 anos, vários tipos de presidentes da AR, mas só agora nos calhou um manga de alpaca que usa o cargo como quem usa um penacho. 
Este senhor, tão fino, com tanto ar de advogado das Avenidas Novas, perdeu o comboio da história, chegou atrasado uns anos. Mais cedo, teria feito um papel de embrulho aceitável, a AR ainda era um sítio frequentável, mas deixou de o ser.
Como parece entender que não há limites para a liberdade expressão, daqui deixo uma sugestão aos deputados: organizai o dia da peixeirada, em que todos insultam todos e todos juntos insultam o Aguiar.
Ele não se vai importar, e nós vamos ter nas televisões quase tanto tempo de peixeirada como de Pinto da Costa, só que muito mais divertido.

Matar saudades



Após quase três anos, volto aqui.

Se calhar gosto de falar sozinha,

ou porque



quinta-feira, junho 23, 2022

Canção Doce, Leila Slimani

 


Uma história que já vimos e lemos em outros tempos e lugares – uma ama “doce” que acaba por matar as crianças que lhe foram confiadas.

A leitura vale a pena pelo ritmo narrativo que a autora impõe, e pelo domínio da escrita.

As personagens são bem desenhadas e nelas vivem muitos problemas do nosso tempo. Porém, Leila Slimani nunca cede à emoção fácil, à análise psicológica de pacotilha, à vitimização de uma ou à culpabilização de outros.

É a vida, simplesmente, mesmo nos seus episódios mais dolorosos ou assustadores.


quarta-feira, junho 15, 2022

Até ao Fim da Terra

 


Não me lembro de a leitura de qualquer livro me ter cansado tanto. E, apesar de me parecer que algumas vezes o autor se aventura excessivamente na descrição dos sentimentos e emoções femininos, sendo homem, é impossível não  reconhecer no livro uma obra de grande fôlego sobre o amor nas suas diversas formas, a importância de “fazer o caminho”, as contradições humanas, a humanidade e o que lhe é comum, e o seu país - Israel, cheio de contradições e, também ele, uma ferida aberta.


David Grossman nasceu em Jerusalém e é um dos maiores escritores do nosso tempo. É autor de uma extensa obra que está publicada em mais de trinta línguas em todo o mundo. Recebeu numerosos prémios, incluindo o francês Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, o Buxtehuder Bulle na Alemanha, o Prémio de Roma pela Paz e pela Ação Humanitária, o Prémio Ischia Internacional de Jornalismo, o Prémio Emet de Israel, o Prémio da Paz dos Editores e Livreiros Alemães e o Prémio Albatross da Fundação Günter Grass. Em 2018, foi-lhe atribuído o prestigiado Prémio Israel de Literatura. O seu romance Até ao Fim da Terra foi distinguido com o Prémio Médicis Estrangeiro, o National Jewish Book Award, o Prémio JQ Wingate e, tendo sido destacado em inúmeras listas de favoritos, foi ainda considerado o melhor livro de 2011 pela revista Lire. Em 2017, Um Cavalo Entra num Bar recebeu o Prémio Man Booker Internacional.

sexta-feira, maio 20, 2022

De Noite Todo o Sangue é Negro

 



Duro, duro, tão duro como um corno, mas tão bom!

..."É cruel, mas nunca sádico, o modo de escrita de Diop. É visceral. É a marca de um grande escritor que sabe o poder da linguagem para deixar na sombra o que é preciso que fique na sombra. “A história escondida tem de estar lá sem lá estar, tem de deixar-se adivinhar como um vestido cingido amarelo cor de açafrão deixa adivinhar as belas formas de uma rapariga. Tem de transparecer”, lê-se nesta história que sai da cabeça de um soldado que, depois de ser considerado um herói, é enviado para a retaguarda porque os colegas, brancos e negros, só conseguem ver nele a morte. Toda a beleza aqui é a da literatura.”

Isabel Lucas 

Nov. 2021, Público


domingo, maio 15, 2022

Leitura


 

É diário, é memória, é ficção, é procura, introspecção?

Tudo isso feito numa escrita cativante, moderna e feminista.

O caminho das mulheres, cheio de dores e perdas, nunca é fácil, mas nele pode haver felicidade e, sobretudo, liberdade.

quinta-feira, maio 05, 2022

Modos de ver

 É um país cheio de sol e cor, o nosso, mas os portugueses parecem ver, cada vez mais, a preto e branco.

quarta-feira, maio 04, 2022

Como?


Como é que  podemos ficar indiferentes diante de tais alarvidades?

Como é que ninguém explica à criatura que Portugal é uma democracia e que nas democracias não se ilegalizam partidos, como na Ucrânia?

Como ensinar ao rapaz o que ele já devia saber: que o PCP tem lá as suas parvoíces ( agora até se excedeu nelas) mas teve também um papel fundamental na luta contra a ditadura e na construção da democracia?

Como explicar àquele humano que, por cá, estender a mão e sentir que nos querem levar o braço não é coisa do nosso agrado?

Como ensinar a um "burro velho" as regras de boa educação e convivialidade na casa dos outros quando, estando em fuga, se aceita um convite para partilhar o tecto, e às vezes os parcos haveres?

Como?
 

terça-feira, maio 03, 2022

Interrupção voluntária do progresso

 




Público, 3 Maio 2022

Supremo Tribunal dos EUA pronto para anular direito ao aborto


Leio:
"Um documento a circular no Supremo Tribunal dos Estados Unidos prevê a anulação da decisão histórica de 1973 que estabeleceu o direito ao aborto, noticia o jornal Politico com base em documentos internos do tribunal, em que se mostra uma maioria de votos a favor da decisão..."
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Constato:
Depois de ter assistido, e ajudado, a tantas conquistas para a humanidade, raro é o dia em que, ao abrir o jornal, não tenho o calafrio de ver o mundo a andar para trás.
Chiça!, é tão triste.

quarta-feira, abril 27, 2022

A senhora Inna Ohnivets

O 25 de Abril não é de ninguém. É de todos os que se queiram encontrar na rua, celebrando a liberdade e uma data que lhes é querida.

É dia de risos e abraços, encontros, cravos na mão, corres garridas no vestuário, ténis nos pés, conversas, recordações e esperança no futuro.

Quem quiser, aparece. Vai alinhado ou desalinhado. Pertence a um grupo ou a si mesmo. E tudo isso está bem.

Tem sido sempre assim, até que apareceu um novo partido, a Iniciativa Liberal, que está sempre de olho na “facturação” e no lucro. Foi isso que bispou ao convidar a senhora Inna Ohnivets , embaixadora da Ucrânia em Lisboa, para desfilar com eles numa festa à parte, só deles.

E não é que a senhora Inna aceitou? Embrulhou-se na bandeira do seu país e lá foi. Tenho para mim que a senhora Inna sabe tanto do que é a IL como de Bacalhau à Zé do Pipo, e isso nem seria grave se não mostrasse que ela também não sabe qual deve ser o papel de um embaixador, e isso, sim, já é grave.

A ajuda de Portugal à Ucrânia, tem sido feita por todos nós, individual e colectivamente, mas por TODOS. Em nenhuma circunstância um embaixador pode aliar-se a uma parte do país que o acolhe em detrimento de outra mas, neste caso em particular, é de uma injustiça tremenda.

Acredito que não fez por mal, não creio que seja liberal nem qualquer outra coisa.

Como não tenho más intenções, quer-me parecer que a senhora Inna será apenas burra.