1 de dezembro de 2025

Novembro

 



"Na casa de todas as famílias celebra-se o aniversário do nascimento dos filhos e relembram-se outras datas relevantes da sua vida; o que a direita quer para a nossa democracia é substituir a celebração do aniversário do dia em que tudo começou para a nossa democracia — o 25 de Abril, quando acabou a censura, a polícia política e, na prática, nasceu a liberdade — por uma espécie de celebrações obrigatórias do dia da primeira comunhão, todos os anos, ad nauseam. O 25 de Novembro não merecia esta farsa, como não merece farsantes nem farsistas."

Rui Tavares, Expresso

30 de novembro de 2025

Falar de amor

 


Há muito, muito tempo, que eu não ouvia tantas vezes a palavra AMOR.

Oiço-a agora a propósito de Nuno Markl.

Markl é, só pode ser, um Homem Bom.

Sei que, como ele, há muitos, mas parecem ter sido"sugados" pelos grunhos que tomaram todo o palco do mundo.

A certeza de que existem, dá-me a convicção de que um dia voltarão a ser vistos.

E também de que há muita gente à espera deles, como eu.

26 de novembro de 2025

Pífio

 


Quem te manda a ti, sapateiro, subir além da chinela?

(Velho ditado popular)

Foi tudo pífio!

20 de novembro de 2025

Transcrito, por mim, com vénia

 Mr. Ronaldo goes to Washington 

por Daniel Oliveira, Expresso 20 Nov. 2025


Que Ronaldo é um dos melhores jogadores da história do futebol mundial nem merece discussão. Mas a sua fama, aos 40 anos, já pouco tem a ver com o que faz dentro das quatro linhas. Resulta de ter ascendido ao estatuto de celebridade global num tempo em que o mediatismo vale por si próprio e a influência se mede em seguidores. Com mais de mil milhões somados no Instagram e no Facebook, detentor da maior conta planetária em qualquer destas plataformas, a sua notoriedade há muito que extravasou o futebol. Deixou de ser “apenas” um atleta. Cristiano é uma marca planetária, com lógica própria, indiferente às fronteiras e à política, como todas as marcas.

É por isto que os 230 milhões que recebe anualmente do Fundo Público da Arábia Saudita não compram os golos pelo Al Nassr, mas a normalização internacional de uma teocracia torcionária. E Ronaldo tem desempenhado com zelo a sua função. Peça central na operação que ajudou Riade a assegurar o Mundial de 2034, e defensor sistemático do país, deu agora o salto simbólico que faltava, ao acompanhar o príncipe regente numa mais que polémica visita à Casa Branca.

Roberto Martínez apressou-se a justificar a presença do capitão da seleção — o mesmo que, dois dias antes, não tinha marcado presença no jogo decisivo da qualificação para o mundial — dizendo que Ronaldo é embaixador de Portugal”e que representa o país “esteja onde estiver”. O que parece ter-lhe escapado é que CR7 viajou até aos EUA com passaporte diplomático saudita. Embaixador, sim, mas do regime para quem trabalha como o relações-públicas mais famoso do planeta.

Não é por acaso que a visita da comitiva saudita à Casa Branca gerou tanta atenção e polémica. Há um contexto, lamentável, que precede a reverência confrangedora com que Mohammed bin Salman foi recebido em Washington. Afinal, estamos a falar do homem que os serviços secretos norte-americanos identificam como responsável pelo assassinato e esquartejamento de um colunista do Washington Post no consulado saudita de Istambul em 2018. O ultraje internacional afastou-o, durante todos estes anos, dos EUA, mas esta semana teve direito a tudo o que a liturgia presidencial pode oferecer. Tapete vermelho, F-16 a sobrevoar a Casa Branca, sorrisos e palmadas cúmplices, um discurso engrandecedor de Trump. Uma receção que contrasta de forma quase obscena com a frieza que a administração norte-americana tem reservado à maioria dos líderes democráticos.

Um par de horas antes de Ronaldo ser filmado na galhofa com Trump, o presidente dos EUA abriu a Sala Oval à imprensa. Sentado na mesma poltrona onde Zelensky foi humilhado por Trump, Mohammed bin Salman foi defendido por Trump de todas as formas e feitios. “Há coisas que acontecem”, disse a propósito do assassinato do jornalista, mais ainda tratando-se de alguém de quem “muitas pessoas não gostavam”.

Tudo tem um preço e Trump é o primeiro a enviá-lo por escrito. Só no último ano, a sua família recebeu 20 milhões de dólares em licenças para empreendimentos imobiliários “privados” sauditas usarem o nome Trump. E muito mais, de criptomoedas a negócios imobiliários, está em negociação e a caminho. A contrapartida desta corrupção absolutamente descarada e à vista de todos mede-se em “pequenas” coisas como o acesso aos F-35 que a Arábia Saudita comprou esta semana, contra o parecer do Pentágono, que considera um perigo ceder a mais avançada tecnologia militar americana a um regime que mantém uma parceria militar com a China.

Embora costume estar reservado à celebração de eventos desportivos, está longe se ser a primeira vez que um desportista visita a Casa Branca, e também não é de esperar que Ronaldo seja um ativista político ou mesmo uma voz pelos direitos cívicos. Ninguém lhe pede que seja Mandela. Só se esperava que não se comportasse como um ativo de um regime repressivo como poucos, ou que não fosse uma das cabeças de cartaz de uma das cerimónias mais lamentáveis numa administração onde tudo é lamentável.

Como portugueses, poderíamos esperar que o capitão da nossa seleção não emprestasse o seu rosto à legitimação de um dos regimes mais retrógrados e repressivos do planeta. Que não se deixasse usar para lavar a imagem de quem prende dissidentes, silencia mulheres e manda matar jornalistas. André Ventura, claro, lá veio em defesa de Cristiano Ronaldo, porque é capaz de render mais uns votos. Como resumiu Sérgio Duarte no X, “os islamofóbicos fizeram uma pausa para defender a honra do relações-públicas da Arábia Saudita.”

Ronaldo é uma marca antes de ser um desportista. E as marcas não têm ética, pátria ou lealdade. Têm contratos. O erro não está apenas nele. Está em quem insiste em fingir que a marca Ronaldo representa Portugal, quando representa apenas o mercado que lhe pagar mais. É por isso que está onde está a cumprir o papel que cumpre. E foi como tal que foi a Washington.

14 de novembro de 2025

Diz-me com quem andas

 


Admiração genuína - Primeiro Trump, depois o carniceiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.

O rapaz anda fascinado com o esgoto do mundo.

5 de novembro de 2025

Também quero

 

O quê?

Ora, um escravo que me segure o guarda-chuva como se eu fosse a rainha de Inglaterra.

Que palerma me saiu! (E vaidoso, também.)


Foto do Expresso

4 de novembro de 2025

Saudades do Cunhal

 


Contados e recontados os votos de Lisboa, o Chega fica com mais um voto e mais um vereador que a CDU.

O obreirismo de vistas curtas do PCP, deu nisto. 

Saudades do Cunhal, que nunca foi míope, via bem ao longe, e chegou a mandar a malta engolir sapos.

E a malta engoliu-os, e Soares ganhou e Freitas do Amaral perdeu.

Outros tempos, outros personagens, outras inteligências - muito outras!

2 de novembro de 2025

Uma escritora admirável

 


..."Fomos além de Omsk, pela estrada de Baikal-Amur. Dirigíamo-nos a uma aldeia para falar com um especialista sobre a guerra da Chechénia. Tínhamos um motorista. Eram tempos muito difíceis e ele estava grato pelo trabalho, os filhos desmaiavam de fome na escola. Começámos a conversar, à mesa, com o nosso convidado, que tinha um ponto de vista muito crítico. De repente, ao ouvir-nos, o motorista perguntou se estávamos contra a guerra. Respondemos que sim. Ele disse que se o seu filho fosse mais velho, o mandava para lá. “Porquê?”, perguntei. “Porque a Rússia é grande em tudo.” E foi-se embora. Quando saímos, o carro não estava. Ele recusou-se a transportar-nos e a ganhar o dinheiro.

Como voltaram?

Num trator. Não havia mais carros disponíveis. Tivemos sorte em poder sair dali. É muito difícil entender esta mentalidade. Nesse dia, percebi o que era um russo."


Svetlana Alexievich

Entrevista ao Expresso, 1 Novembro 2025

8 de abril de 2025

O mamute na sala

 


Desde que o coiso tomou posse, todos os dias há novidades, geralmente boas para quem gosta de filmes de terror.

Hoje é esta.

🤮

Parece que os humanos foram muito responsáveis pela extinção dos mamutes - comiam a carne e usavam a pele para fazer abrigos. Às vezes, a história repete-se. Quem dera!

Os dias não estão monótonos, apenas assustadores.

3 de abril de 2025

A salsa e eu


 


A televisão da cozinha está ligada.

Netanyahu foi dar um passeio à Hungria.

A Hungria anuncia que vai sair do TPI.

A mortandade continua em Gaza.

E também na Ucrânia.

Trump vai tirar o pão da boca de milhões de trabalhadores e de deserdados da vida.

Eu estou a picar salsa para congelar, e não me estou a sentir lá muito bem.

1 de abril de 2025

Nas redes

 


Ou o PS percebe que tem um mês e meio para entrar, em grande, nas redes sociais, com ousadia, originalidade e presença massiva, ou nem vale a pena esforçar-se, porque as eleições estarão perdidas.
Hoje, os eleitores, ou se apanham nas redes, ou não se apanham de todo.

29 de março de 2025

Abominações

 


A abominação é mútua

"Nós ouvimos Pete Hegseth, J.D. Vance e Trump a dizer que nós, os europeus, somos patéticos e achamos que eles foram apanhados a faltar-nos ao respeito. Mas por que carga de algodão-doce é que aquelas três bestas hão-de gostar mais de nós do que nós gostamos deles?

Os americanos já fervem com a arrogância e a condescendência dos europeus, com as nossas falinhas mansas quando queremos cravar mais uns dólares e, sobretudo, com a nossa convicção que é aqui na Europa, encharcados em cultura e civilização, que sabemos viver, enquanto os americanos que votaram no Trump não passam de selvagens.

Aqueles três brutamontes sentem, com razão, que os europeus são quase todos aliados dos adversários de Trump. E sabem que essa aliança entre americanos e europeus à esquerda de Trump – uma multidão imensa – tudo fará para os ridicularizar e perseguir.

Fica-nos mal fingirmos que fomos surpreendidos, quando, na verdade, ficámos mais do que satisfeitos: confirmou-se o que pensávamos deles.

Fazemos bem em odiá-los. Mas também temos de deixar que eles nos odeiem também."


Miguel Esteves Cardoso
Público 29 Março 2025


21 de março de 2025

Os dois lados

 


Vendo a muito badalada, e com razão, série da Netflix - Adolescência -  percebo o que já pressentia antes, isto é, que, na escola, o medo mudou de lado.

Os professores são presas assustadas, e os alunos são feras enraivecidas à solta.
A ver, para saber.

19 de março de 2025

Mundo



 
O mundo está cada vez mais cheio de pessoas que acham a democracia um

 MAL DESNECESSÀRIO

14 de março de 2025

Quotidiano

 




No prédio fronteiro ao meu, anda um alpinista a fazer reparações.
Cedinho, quando abri a janela, estava lá no alto pendurado a fazer não sei o quê. De repente faz pose - pernas abertas, pés na parede, corpo reclinado para trás, braços abertos qual Cristo Rei.
Cá em baixo estava o colega a tirar foto para a postagem. 
Depois, o trabalho continuou.

Mais tarde, no supermercado, estava eu a olhar para os chás na esperança de que já houvesse o que gosto de tomar, vem um empregado e põe-se entre mim e a prateleira dos chás no corredor estreito, para distribuir por ali novas etiquetas de preços. Esperei um pouco para ver se ele se "tocava" mas não se "tocou". Então, toquei-lhe eu no ombro e perguntei:
- Desculpe, eu sou transparente?
- Não, mas como a senhora estava escolher...
- Pois, se eu não sou transparente, o senhor também não o é, e eu assim não posso escolher.
- Ah! pois é, desculpe.
Duas conclusões:
1- A culpa não é dele, que veio de um país distante, sabe-se lá com que dificuldades. A culpa é do patrão que quer o trabalho mas não dá formação.
Aliás, pareceu-ne que o moço estava convencido que estava a fazer tudo bem, tal como o Montenegro; só que este, por fim, percebeu, e o Montenegro, não.

2 - Sei que as mulheres da minha idade vão ficando transparentes, mas é uma coisa que me chateia, pá!
Hoje está sol!

12 de março de 2025

Há cair e cair



 

Visão - O Governo caíu em câmara lenta

Expresso - o Governo caíu em horário nobre

Euzinha - o governo caiu sem compostura.

6 de março de 2025