Até 14 de Outubro, e naquele local tão simpático que é o Largo do Chiado, no belo edifício da seguradora Fidelidade, pode ver-se uma excelente exposição de Ricardo Jacinto.
Com o título O Corredor, é constituída por duas salas, inicialmente escuras que nem breu, onde se projectam vídeos, e um espaço entre elas a que se chamou Foyer. Num dos vídeos vê-se a “História do pinheiro e do lobo” e no outro a “História da água e do avião”
Os vídeos correm em simultâneo, o que não permite vê-los em simultâneo mas permite ouvi-los em simultâneo. Se no 1º há uma ligação ao exterior com a festa do pinheiro em Guimarães e o biólogo que imita a voz do lobo, no 2º o artista remete-nos para os espaços fechados duma piscina e duma câmara anecóica para treino de pilotos.
No Foyer encontram-se, num pequeno ecrã, imagens de depoimentos dos intervenientes nos vídeos e o respectivo som em simultâneo, que nos vem dos quatro cantos da pequena sala, numa perturbante cacafonia inicial; porém, aos poucos, o ouvido e a visão do espectador vão discernindo qual o som que corresponde a qual imagem. É precisamente quando o conseguimos que percebemos que isso não é o mais importante, que os vídeos não pretendem fazer nenhuma narrativa ou ter um sentido.
A subjectividade é, por ali, rainha, e os nossos sentidos e percepção são convocados pelo artista para uma experiência que exige do espectador muito mais que a disponibilidade dum olhar passivo.
É uma boa experiência; vale a pena ir até lá para a ter.