sexta-feira, setembro 23, 2011

Tribos e nostalgias

No passado dia 19, muitos se lembraram que 30 anos antes acontecera o memorável concerto de Simon e Garfunkel em Central Park.
A propósito dessa pequena e ternurenta nostalgia, lembrei-me duma conversa tida, não há muito tempo, com jovens agora na casa dos 30. Dizia-lhes eu que nunca tinha existido uma geração que ficasse nostálgica tão cedo, dado que todos cantam em uníssono as músicas dos desenhos animados da sua infância, evocam e comentam os heróis dos mesmos, numa vívida orgia de prazer revivalista.
Eles explicaram-me que eram a última geração a fazer tal coisa (daí, se calhar, o gozo), porque, havendo só dois canais de televisão mas já massificados, foram os últimos a viver a situação de todos verem exactamente o mesmo; depois deles, cada um passou a ver o que quer, tal a quantidade da oferta de canais televisivos, internet, DVD etc. Com eles acaba esse sentimento de pertença a um tempo unificado; não haverá outra geração unida pelos desenhos animados, a ida para a escola a pé e em bandos, o jogo da bola na rua, a queda das bicicletas no meio do nada. Eles são, talvez, a última tribo geracional.
Nós, os que, a 19 de Setembro de 1981 assistimos pela televisão ao concerto de Simon e Garfunkel em Central Park, também fizemos parte duma (muito mais pequena) tribo, para quem alguns discos de vinil e alguns (poucos) concertos, ajudaram a cimentar a identidade e a pertença.
No dia 1 de Setembro de 2011, a velha tribo também teve o seu momento de nostalgia e celebrou-o no ciberespaço. Mas, claro, sem coro.

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