A violenta desagregação do tecido social a que estamos a
assistir não é “um quase nada”; é grave, sulcada de golpes profundos, feia e
assustadora, mas, mesmo assim, não é desculpa para aquilo a que assistimos.
Os homens portugueses desataram a matar as suas mulheres
como quem mata mosquitos incómodos e persistentes.
Só na semana passada, em cinco dias, duas mulheres morreram
e outras duas ficaram em perigo de vida.
Estalado o fino verniz, por isto ou por aquilo, eis-nos
confrontados com o esplendor da bestialidade masculina, mais o seu cortejo de
tiros e facadas, disfarçada de paixão, vida sem esperança, amores canalhas,
desemprego ou desnorte.
Tudo mentira. Trata-se apenas de pequenos tiranos de opereta,
mas com a arma carregada, que se sentem donos das suas mulheres e autorizados a
dispor das suas vidas.
Nada neste mundo, nenhuma desgraça pessoal ou social, pode
justificar o assassínio das mulheres. Esta prática apenas sinaliza uma
sociedade troglodita e machista - dum machismo desprezível, repugnante, e IMPERDOÁVEL.