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terça-feira, junho 19, 2012

Imperdoável

A fina camada de verniz que foi cobrindo a sociedade portuguesa nos últimos anos, é, em muitos pontos, tão fina que só levou uma demão, e mesmo essa, muito, muito aguada. Por isso estala por quase nada.

A violenta desagregação do tecido social a que estamos a assistir não é “um quase nada”; é grave, sulcada de golpes profundos, feia e assustadora, mas, mesmo assim, não é desculpa para aquilo a que assistimos.

Os homens portugueses desataram a matar as suas mulheres como quem mata mosquitos incómodos e persistentes.

Só na semana passada, em cinco dias, duas mulheres morreram e outras duas ficaram em perigo de vida.

Estalado o fino verniz, por isto ou por aquilo, eis-nos confrontados com o esplendor da bestialidade masculina, mais o seu cortejo de tiros e facadas, disfarçada de paixão, vida sem esperança, amores canalhas, desemprego ou desnorte.

Tudo mentira. Trata-se apenas de pequenos tiranos de opereta, mas com a arma carregada, que se sentem donos das suas mulheres e autorizados a dispor das suas vidas.

Nada neste mundo, nenhuma desgraça pessoal ou social, pode justificar o assassínio das mulheres. Esta prática apenas sinaliza uma sociedade troglodita e machista - dum machismo desprezível, repugnante, e IMPERDOÁVEL.