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terça-feira, novembro 12, 2013

Viver do lado de cá


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A 26 de Dezembro de 2004, um descomunal tsunami varreu a costa de vários países do sul da Ásia. Alguns desses locais eram estâncias de turismo onde muitos ocidentais passavam férias de Natal munidos de câmaras fotográfica e iphones; e falavam inglês.

Através dos seus registos de imagens e palavras, tivemos horas de reportagens televisivas, onde quase podíamos tocar o pânico, a dor, a perda e também o heroísmo.

Em Agosto de 2005, o furacão Katrina destruiu boa parte da cidade de New Orleans. Era a América nas suas imensas contradições. As televisões assentaram arraiais e forneceram centenas de horas de reportagem sobre o pânico, a dor, a perda e também o heroísmo. Todos falavam inglês.

Há poucos dias, o tufão Haiyan levou literalmente consigo a vida de milhares de filipinos – uns porque morreram, e outros porque ficaram sem passado.

As televisões mostram algumas imagens nos telejornais, entre declarações de treinadores de futebol, declarações de Rui Machete, e outros desastres.

Aqueles filipinos são todos pobres, e não falam inglês.
O pânico, a dor, a perda e o heroísmo também lá estão, mas por baixo da pele ou atrás das pálpebras.
Teremos que os adivinhar, se quisermos. Geralmente não queremos.

Neste caso, teríamos também que falar a sério de alterações climáticas e, geralmente, também não queremos.
Porque vivemos do lado de cá da vida e, se necessário, até falamos inglês.