Mostrar mensagens com a etiqueta Trabalho. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Trabalho. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, março 20, 2012

O trabalho dá saúde

Os suíços fizeram mais um referendo.
A pergunta que nele se fazia era se queriam ter seis semanas de férias em vez de quatro.

A resposta foi NÃO.
Os suíços trabalham entre 45 a 50 horas semanais e um terço deles sofre de stresse no trabalho.

A passada utopia do futuro profetizava que os homens haveriam de trabalhar menos, ajudados pelas máquinas e que, com isso, seriam mais felizes.
A utopia, era utopia mesmo. Com as máquinas, cada vez um menor número de pessoas trabalha mais, deixando de fora uma grossa fatia de desempregados.

Quanto a serem mais felizes, não se sabe bem o que isso seria mas, pelo menos para os suíços, a felicidade não passa por mais tempo livre para si próprios, os seus hobbies, a sua família, o seu alívio do stresse.

Certamente muitos acharão louvável tal comportamento, e dirão que devíamos ser como eles, nós, os preguiçosos do sul.
Acontece que a maioria de nós ainda acha que há mais vida para além do trabalho.

Dou de barato que as seis semanas não seriam para gozar de seguida, e que melhorar as condições de trabalho seria mais eficiente na diminuição do cansaço.

Porém, recusar liminarmente mais tempo de férias num tecido social cansado parece-me mais uma aberração da sociedade que fomos criando, aquela em que muitos, cada vez mais, não sabem o que fazer com o seu tempo livre e, postos perante ele, também entram em stresse.

No país/lavandaria de dinheiro que é a Suíça, o povo quer é trabalhar muito.
Pois que continuem a contar as notas nos bancos, a bater o chocolate e a acertar os relógios.

Se o trabalho dá saúde, chegará o dia em que nem precisarão de férias nenhumas, e ficarão todos tão fresquinhos e viçosos como a Heidi e o avô lá no alto da montanha.

sexta-feira, abril 29, 2011

Cármen

Pele lisa, cor e textura de pêssego, cabelo rebelde, cara lavada, sorriso afável, gargalhada até às lágrimas quando a propósito
Na sua vida privada, Cármen é uma espécie de estrela à volta da qual gravitam muitos planetas – marido, dois filhos, avô, mãe, meia-irmã.
Possante mas flexível, a balzaquiana Cármen todos mete debaixo da sua asa, até mesmo algum desamparado que se lhe atravessa no caminho.
É dadora de sangue e dança no rancho folclórico do seu bairro.
Estudou pouco mas aproveitou as “Novas Oportunidades” para completar o 12º ano, e merece-o.
Tudo isto é feito nos intervalos, porque Cármen é cabeleireira profissional durante todo o dia e, da meia-noite às 3 da manhã faz limpezas numa escola por conta duma empresa de limpezas.
Como trabalha 12 horas por dia, e nunca na economia paralela, Cármen ficou sem abono de família. Na hora dessa verdade zangou-se, claro, mas, sem perder balanço inscreveu-se para recenseadora do Censo, e foi aceite. Começou logo com o propósito de alcançar o objectivo máximo para ganhar o bónus.
E não é que ganhou mesmo?!
Contra ventos e marés, é ela que pega no leme e decide a rota; não há temporal que a derrube.
É um privilégio cruzar na vida com uma Cármen, porque cada movimento seu, sem estrépito, tão silencioso quanto seguro, mostra que tudo pode ser diferente do luso e tão tradicional queixume.
Mas atenção, há por aí muito mais Cármen (s) do que aquilo que nos querem fazer crer.
E é, de novo, quase 1º de Maio.