Mostrar mensagens com a etiqueta Tony Judt. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Tony Judt. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, agosto 10, 2012

Uma grande ilusão?

Europa, Europa, Europa.

Agora que o velho continente se apresenta incontestavelmente velho e em perigo de colapso total; agora que o velho continente é governado por gente que não viveu a guerra, que não tem memória (na melhor das hipóteses) ou que nunca estudou história (na pior), aí está este ensaio de 140 páginas escrito por Tony Judt em 1996 sobre a Europa e a construção europeia.

“Uma grande ilusão?” – Um ensaio sobre a Europa, é factual e sem romantismos ideológicos, fácil de ler, quase didáctico.

Excelente para ser lido por quem sabe mas não se importa de recordar, mas sobretudo por quem não sabe mas gostava de saber como tudo começou e se desenrolou até 1996.

Não se busquem perspetivas sobre a situação actual, porque o euro (o centro do furacão) ainda nem sequer tinha nascido, mas não se pode compreender totalmente o presente sem termos uma luz sobre o passado.

Uma óptima leitura para quem também gosta de não-ficção.

Edições 70, Junho 1012

sexta-feira, dezembro 16, 2011

"O Chalet da Memória"

“ A seriedade moral na vida pública é como a pornografia, difícil de descrever mas imediatamente identificável quando a vemos.”, diz Tony Judt neste livrinho.  Já imobilizado, vai abrindo gavetas da sua memória e dita pequenos ensaios sobre o que o que viveu e pensou. Os temas são tão variados como: Maio 68, Comida, Crise da Meia-idade; Kibbutz, Cambridge ou Comboios.

Delicioso, para maiores de 50.


segunda-feira, agosto 08, 2011

Estado-providência

O Estado-providência, em suma, nasceu dum consenso transpartidário do século xx. Foi implementado, na maioria dos casos, por liberais ou conservadores que haviam entrado na vida pública muito antes de 1914, e para quem o fornecimento público de serviços médicos universais, pensões de velhice, subsídios de desemprego e doença, educação gratuita, transportes públicos subsidiados, e outros pré-requisitos de uma ordem civil estável, representavam não o primeiro estádio do socialismo do século xx mas o culminar do liberalismo reformista do fim do século xx.
…os Estados-providência “socialistas” do século xx construíram-se não como uma guarda avançada da revolução igualitária, mas para proporcionar uma barreira contra o regresso do passado: contra a depressão económica e o seu resultado político polarizador na política desesperada, tanto do fascismo como do comunismo. Os Estados-providência eram portanto Estados profilácticos. Foram concebidos de forma muito consciente para responder ao anseio generalizado de segurança e estabilidade…
Graças a meio século de prosperidade e segurança, no Ocidente esquecemos os traumas políticos e sociais da insegurança em massa. E assim nos esquecemos do porquê de herdarmos esses Estados-providência, e o que os justificou.
Retirado de:
O Século XX Esquecido
Lugares e Memórias
Tony Judt, Tradução de Marcelo Felix, Edições 70, LDA., 2010

Está na hora de recordar ou aprender, digo eu, agora que tudo aponta para um regresso ao passado. O Estado-providência não foi uma boa invenção de políticos dados à caridade e que os estados hoje já não podem suportar; foi terapêutica profiláctica contra males, para nós inimagináveis, mas que nos espreitam de novo.

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Resposta a um amigo, com Tony Judt


A propósito do comentário colocado no dia 9 de Fevereiro,(Que enganados que estão) um amigo disse que o seu teor era passadista, parcial e com uma visão esterotipada. Como foi um Amigo, daí resultou uma animada e saudável troca de ideias.
Resumindo um pouco, o meu amigo achou que eu estava com ideias muito próximas da esquerda radical e recordou o sofrimento dos povos que viveram sob o regime preconizado pelo PCP ou BE. Achou também que incitar à contestação colectiva podia descambar em violência e que eu estava a ser incoerente porque criticava um regime em que vivo muito confortavelmente.
Ora bem, eu respondi que não esqueço o que foram os regimes comunistas, que, aliás, estão mortos e enterrados (quase), mas não pertenço ao lote dos politicamente corretos que acham que têm de estar sempre a pedir desculpa da história que aconteceu a determinado momento porque houve condições para isso (falo da escravatura, da colonização ou dos regimes comunistas com os seus gulags ou da perseguição e extermínio dos judeus, ciganos, comunistas, homossexuais etc. na 2ª guerra mundial) A história existiu, é para aprendermos com ela e não repetirmos os mesmos erros; não temos que pedir desculpa a toda a hora, nem temos que nos servir das partes terríveis do nosso passado comum para ficarmos paralisados de medo face a novos desafios da mesma história.
Não pretendi incitarar à violência mas não sou, nem nunca fui, pacifista. Defendo o debate e a concertação, sou contra guerras injustas e pela paz, mas também acho que às vezes a guerra é o último recurso para defender a dignidade dos seres humanos. Se assim não fosse o Hitler não teria sido derrotado. Pacifista sim, mas não a qualquer preço.
É certo que vivo confortavelmente mas isso não me deixa cega ou incapaz de me indignar com o facto de se poder ganhar milhões à custa de pagar salários (precários) de €500; sou apenas contra o capitalismo sem regras nem vergonha.
Foi por termos permitido a cada vez mais desigual repartição da riqueza que chegámos até aqui. Quanto mais desigual a sociedade, mais infeliz, ressentida, invejosa e violenta.
Quando escrevi que só o coletivo PODE, acho que os inúmeros exemplos falam por si - Egipto e Tunísia agora, revolução de veludo em Praga, queda do muro de Berlim, Maio de 68 e o nosso 25 de Abril que, se não fosse o coletivo que tomou as ruas não teria, talvez, passado dum golpe militar para acabar com a guerra. Reafirmo que sozinhos não valemos um pataco para o poder político e económico.
Finalmente, recomendo a leitura do livro de Tony Judt “ Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos” que, não me trazendo fantásticas revelações, me ajudou a organizar o pensamento.
Na última frase do livro ele diz”…até aqui os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias maneiras; a questão é mudá-lo.” Eu concordo.