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quinta-feira, junho 12, 2014

O Marinho e o Hernâni












 
 
 
Outro dia perguntei como é que o Marinho Pinto tinha conseguido tantos votos se eu, que me considero informada, não dei pela campanha dele.
- Não houve sequer debates na televisão, argumentei.

Foi então que me explicaram, com alguma condescendência, que o novel eurodeputado é presença frequente nos programas diurnos das televisões onde se entretem, e entretem os espectadores, com contundentes discursos antissistema.

Fez-se-me luz, o que se traduziu por um prolongado e apalermado AHHHHHHHH!.

Às vezes ligo o aparelho de tv uns minutos antes dos telejornais dos canais generalistas e ainda vejo a parte final de algum programa, mas nunca vi o Marinho Pinto. Aquilo geralmente termina a dar dinheiro a um telespetador que já está a almoçar e pronto, é uma alegria. Daí o meu espanto.

Ontem, porém, vi um pouco mais. Quando liguei (calhou ser a Sic) estava lá um senhor de nome Hernâni a falar sobre as buscas por Maddie levadas a cabo por polícias ingleses no Algarve.

Pouco percebi, não consegui apanhar o fio da meada nem “pesquei” nada do raciocínio do tal Hernâni mas os apresentadores estavam com caras de caso, e o Hernâni proferia umas frases curtas logo seguidas duns silêncios que gritavam: sei muitas coisas mas não vos digo porque isto é tudo muito perigoso.

Eu até tive pena dele porque acho que ele tem muitas coisas “entaladas”, salvo seja, que precisava de deitar fora.

Na verdade, eu própria já me tinha perguntado: que é que Madeleine  McCann tem que os outros não têm?

É que se o governo britânico gastasse com todas as crianças desaparecidas no seu país tanto como tem gasto com esta, se calhar já se tinha visto obrigado a fazer um pedido de resgate ao FMI.

Mas o Hernâni sabe, tenho a certeza, e podia dizer ao governo britânico aquilo que estava cheio de vontade de nos dizer a nós mas não se atreveu.

Podia, digamos, “desentalar”.

Depois de o ver, lembrei-me da explicação que me deram para a eleição do Marinho e fiquei com a certeza de que, se este homem Hernâni se lembrar de se candidatar a qualquer lugar político, sem dúvida será eleito, como o Marinho. Claramente este também é antissistema, e o povo gosta disso.

Conclusão possível a extrair deste arrazoado: ninguém entende verdadeiramente o país se não se vir televisão de manhã, à tarde e à noite.

Felizmente eu já desisti de o entender. 

terça-feira, dezembro 17, 2013

De novo a interpretação











 
 
O humor em Portugal quase sempre foi curto e grosso, isto é, com muito recurso ao palavrão e ao sexo; o sarcasmo, mas sobretudo a ironia fina, nunca fizeram o nosso género.

O caso mais recente em que tal se verificou foi o da entrevista que Rodrigo Guedes de Carvalho deu a uma sua colega depois da exibição do programa dos Gato Fedorento.

Nessa entrevista, ele lamenta, com ar sério, a sua participação naquela “parvoíce” e diz que “foi atraído para uma armadilha”.

Rodrigo Guedes de Carvalho revela ser, ao contrário da colega que o entrevista, um excelente actor, respondendo assim a quem o atacou por, supostamente, um jornalista não poder entrar naquelas brincadeiras.

Contudo, parece ter sido entendido à letra por uma enormidade de pessoas inteligentes.

O programa certamente foi preparado durante semanas; o Rodrigo tinha na mão as “deixas” escritas; a SIC é um canal nacional cheio de profissionais onde as coisas não vão para o ar ao acaso.

Seria, então, crível que a SIC deixasse que um seu pivô fosse atraído para uma armadilha? E seria também crível que mandasse, logo de seguida, alguém fazer-lhe uma entrevista risonha como acto de contrição?

Não. O único “pecado” de Rodrigo Guedes de Carvalho foi ser convincente, e usar demasiada ironia e subtileza para um país que, cheio de pressa, só vê metade, só ouve metade, só lê metade, e logo tira as suas conclusões.
Que são sempre por inteiro.

A entrevista pode ser vista aqui.

quinta-feira, agosto 08, 2013

A mão por trás do arbusto


A minha interpretação sobre o mais famoso papel dos últimos dias não coincide com a dos meus amigos que reputo de inteligentes e que costumo ler.

Acham eles que o papel com o nome de “seu Jorge” foi posto cá fora pelo gabinete DESTE primeiro-ministro. Não é a minha interpretação. Também ouvi ontem a SIC e José Gomes Ferreira deu uma plausível razão para as diferenças no papel que não interessam para esta história.

Sabemos que o CITIBANDO tentou vender uns produtos marados ao governo de José Sócrates e que este os recusou.

O que a SIC diz em comunicado é:

“O documento a que a SIC teve acesso veio da residência oficial do primeiro-ministro e aquele que o Ministério das Finanças divulgou veio do IGCP”

Isto quererá obrigatoriamente dizer que foi o gabinete de Passos que meteu os pés pelas mãos?

Não acredito. Acredito, sim, que não é só Paulo Portas que faz milhares de fotocópias quando sai do governo, e que a vingança de Sócrates pode tardar, mas não falha.

E funciona assim a modos que como “a mão por trás do arbusto”; porém, se Sócrates, ou alguém por ele, conseguir tirar o sono à quadrilha nem que seja por uma ou duas noites, eu já agradeço (mas não esqueço).

A propósito, o Tozé deve estar a banhos, não?