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quarta-feira, dezembro 17, 2014

A dois tempos















 
 
 
 
 
 
A imagem acima, colhida ao acaso, pertence a um primeiro tempo.

Nele, os portugueses usam as redes sociais para postar gatinhos, bebés, paisagens de sonho, arquitectura ora de sonho ora de pesadelo, anjinhos papudos e, sobretudo, “frases inspiradoras” de “pessoas inspiradoras” - Osho, Buda, Dalai Lama, Brian Weiss, Gandhi, Paulo Coelho, e autores desconhecidos dos quais a Chiado Editora tem um armazém cheio.

São pessoas que dizem coisas lindas sobre os enganos em que andamos enredados, a beleza da vida simples, as virtudes da clareza duma mente limpa, o desapego, e a importância do amor ao próximo; sobretudo isso, a importância do amor ao próximo.

Talvez por artes dum qualquer génio do mal, que também anda à solta nas redes sociais, esses mesmos portugueses, tão inspirados por seres inspiradores, num segundo tempo, mal se escreve a palavra “Sócrates”, dedicam-se ao comentário:

 
Qual preso, qual quê, já devia era estar morto. Morto? Devia estar a arder no inferno? No inferno? Nunca devia era ter nascido.

Não se sabe? É claro que sabe! Corrupto! Ladrão! Crápula!

Qual direito a defender-se, qual carapuça! Não tem direito a nada, nem sequer ao ar que respira! Na masmorra, na masmorra é que devia estar e para sempre. E ainda digo mais – tudo o que ele tem devia ser confiscado.

Inocente? Você está mas é maluca, sua socratista de me$&@!

“Senhor, abençoa nossa semana e abra nossos corações para o amor e a caridade”.

segunda-feira, outubro 28, 2013

Desolé











 
 
 
Uma jovem criatura muito cá de casa passou os últimos meses da sua vida junto dos gauleses.

A propósito de experiência dizia-me: a palavra francesa que passei a odiar é desolé, porque, basicamente, quando usada pelos franceses, quer dizer “vai à merda”.

Regressada de uns dias fora e sem internet, tentei apanhar as últimas no ar – entrevista do Sócrates, ausências do Seguro, programa cautelar ou segundo resgate, pouca gente nas manifestações.

Tudo na mesma, portanto.

Talvez por isso, neste belo tempo de romãs, só me apetece sair por aí, distribuindo a torto e a direito uns bem puxados e eufemísticos “desolé”, “desolé”, “desolé”.

sábado, março 23, 2013

O retorno

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eu estava a pensar escrever alguma coisinha sobre o regresso de Sócrates, mas depois li este artigo de Pedro Santos Guerreiro e desanimei logo. É que ele escreve exactamente e o que eu penso, e ainda por cima tão bem, que um amador mete logo a viola no saco.
É ler.
Começa assim:
O homem é um colosso. Só alguém tão carismático como José Sócrates poderia regressar menos de dois anos depois. Mas mesmo isso não bastaria se as actuais lideranças políticas fossem fortes. Não o são: no Rato e na Lapa só há pão-de-ló. Em Belém, chá.
 
A imagem é de Yronikamente

sexta-feira, março 16, 2012

Tiro ao Sócrates

A sensação que tenho é que o governo contratou uma empresa de marketing para nos entreter, sabe-se lá porquê (!)
Lá nessa empresa escolhida por adjudicação direta, reuniu-se o pessoal e fez-se o inevitável brainstorming.

Pensaram, pensaram e decidiram que o melhor e mais eficaz era chamar o Sócrates outra vez. Os jornalistas iam cair que nem patinhos.
Invadem então todo o “mercado”, esmiúçam, esmiúçam para nos dar circo.

Sai Sócrates sobre o Freeport – quantas vezes se pronunciou o seu nome na audiência? quantas?

Sai a licenciatura – os documentos estão quase, quase a ser entregues em tribunal. Quando?

Saem as contas da parentela em offshores – onde? quanto?

Sai uso de cartões de crédito pelos ministros de Sócrates – tinham? eh!, e usaram em despesas pessoais?

Vem Cavaco e dá uma ajuda pro bono à empresa de marketing  – Sócrates? nunca  houve ninguém tão desleal.

Retirando a cavacada, eu olho e penso com os meus botões – quem se mete com juízes ou magistrados, leva. Nunca é de mais lembrá-lo.
Ó deuses, eu só queria esquecer Sócrates, e o homem até ajudou; foi-se embora e ficou calado, mas eles não me deixam esquecer, aliás, não querem que eu esqueça.

O professor Marcelo bem me podia fazer um favorzinho lá numa das suas homilias dominicais, largando a sentença: parem com o tiro ao Sócrates!
Eu só quero esquecer. É pedir muito? Irra!

terça-feira, fevereiro 21, 2012

Já se sabe que os animais são todos iguais, mas há uns mais iguais que outros

Esta notícia do Público, leva-me a uma recorrente interrogação.

Sócrates mentia e já não havia bicho careto que não lhe chamasse MENTIROSO com todas as letras.

Quando será que os mesmos acusadores (é bom lembrar que foi Manuela Ferreira Leite a pioneira no uso do adjetivo) começam a chamar a Passos aquilo que ele é, tanto quanto Sócrates era, – MENTIROSO?!
Deu-lhes agora para a boa educação, foi?


sexta-feira, dezembro 09, 2011

O mestre do ziguezague, Freitas do Amaral

Em termos políticos, parece que não há nada que se salve neste país (quiçá no mundo actual).

Freitas do Amaral, que há não muito tempo sonhou ser um dos “pais da Pátria” ou um Senador, ou coisa que o valha, não passa dum reles mestre do ziguezague.

Depois do seu bastamente conhecido percurso ao serviço de todos e mais alguns, serviu-se agora da tribuna anti-socrática de Mário Crespo (vídeo disponível aqui e notícia aqui) para dar um tiro nas costas do penúltimo que lhe deu trabalho, dizendo que Sócrates “nos conduziu para a tragédia em que nos encontramos” por achar que as dívidas não são para pagar, como teria afirmado.

Além de cuspir no prato que lhe foi oferecido, mente, porque, não sendo imbecil, Freitas sabe que, para além de Sócrates, houve muitos acontecimentos internacionais que nos conduziram à tragédia.

Mais, numa atitude populista e debilóide, ouviu e interpretou o que Sócrates disse como lhe deu jeito. Eu, que sou insuspeita de ser admiradora do antigo primeiro-ministro (e não tinha nenhumas saudades de o ver ou ouvir) mas também não o considero burro, consegui perceber o que ele disse. Porque é que Freitas não conseguiu? Claro que conseguiu, mas agora, para ele, o que importa é agradar ao último patrão que lhe ofereceu trabalho - o PSD e o seu novo lugarzinho de presidente do conselho de administração da Galp.

Será que nunca mais na vida conseguiremos sentir senão repulsa por esta gentinha que nos vai governando década após década?
PORCA MISÉRIA!

terça-feira, junho 07, 2011

O discurso do derrotado

José Sócrates perdeu, e muito bem, as eleições. Porém, o seu discurso de derrota foi, talvez, o melhor que alguma vez proferiu. Ao contrário do discurso de victória de Passos Coelho, maçador e sem chama, que provocou a debandada da família em poucos minutos, o de Sócrates, que todos queríamos ver arredado do poder, manteve-nos a todos sentadinhos e em silêncio.
O homem é um animal político (ainda que de má qualidade) e embora não o tenha dito claramente como o outro, a mensagem subliminar estava lá – ele vai andar por aí.
Já uma vez aqui o classifiquei como Sócrates, o mau aluno de Guterres e agora é só esperar para ver.
Mas, quanto ao discurso, foi “Porreiro, pá!”

segunda-feira, maio 30, 2011

"Sem Tecto Entre Ruínas"

Em 37 anos de democracia e de eleições, nunca me lembro de sentir uma tão grande aflição para decidir o meu voto.
Já vivi outras vindas do FMI, já vivi crises de toda a espécie, mas, honestamente, penso que os anos que se aproximam não se comparam com nada do que já conheci.
Nas outras crises com intervenção externa, o país tinha mecanismos de que hoje, por via do euro, não dispõe. Mesmo sem nada saber de economia, lembro-me das desvalorizações da moeda, da venda do ouro, da emissão de moeda pelo Banco de Portugal. Tudo isso hoje nos está vedado, restando um empréstimo externo concedido por alguém que não nos grama, tais as condições que exigiu.
Poderá pensar-se que ao próximo governo apenas lhe resta aplicar o plano dos prestamistas, mas não será exactamente assim. Ainda haverá coisas que podem ser decididas com mais ou menos sensatez, com mais ou menos liberalismo.
Daí, a enorme aflição que sinto quando olho para os dois putativos candidatos a primeiro-ministro.
Os erros de Sócrates são inúmeros e imensos; pior, o país não acredita nele, a toda a hora se brinca com as mentiras de Sócrates - do alto quadro empresarial à peixeira todos o acham um mentiroso. Pode um homem nesta situação continuar a governar o país? Não merece ser fortemente castigado nas urnas? Pode governar o país nos tempos difíceis que estão a chegar? Pode o povo português reconduzi-lo como quem diz “faça favor de continuar, nós tudo esquecemos e perdoamos”?  Podemos, se tal acontecer, considerar que vivemos numa democracia adulta e viável?
Quanto a Passos Coelho não há palavras para descrever o que temos visto e ouvido nos últimos tempos. Pode um homem que já disse mil coisas e seu contrário (tal e qual como Sócrates) merecer-nos alguma credibilidade? Pode um homem que está na política desde a pré-primária, como já aqui escrevi, estar tão impreparado para ser governante? Que andou ele a fazer desde que tomou posse do cargo? A pensar no país certamente que não foi porque cada dia tem uma ideia e um discurso diferente. Mente, sorri, diz e desdiz, ouve todos os conselheiros dos quais devia fugir, quer apanhar votos de todos os lados e fica “nem pão, nem bolo”. Em 3 dias disse sobre o aborto o contrário do que costumava dizer e quanto aos 10 ministros apenas, assim que Cavaco disse que era pouco apressou-se a remendar o que antes tinha dito. Isto para só falar dos últimos dias. Quem é este homem, alguém sabe? Mas, pode um homem assim merecer a confiança do país para governar? Não nos sairá outro Sócrates apenas ainda mais liberal?  Pelo menos quanto ao carácter, parece que estão empatados, mesmo sem sondagem. 
Os partidos à esquerda do PS também se acomodaram no facilitismo, limitando-se vezes de mais a ser apenas do contra, e a dar uns tirinhos no pé de vez em quando. Se eles congregam 20% dos eleitores, precisam de saber quem são, o que sentem, e parar com o infantil “quanto pior, melhor” que já fez escola mas já não faz.
Roubando o título de um livro de Augusto Abelaira, sinto-me “Sem tecto, entre ruínas”.
Pior, sinto-me também sem chão.

segunda-feira, abril 11, 2011

Sócrates, o mau aluno de Guterres

Na última eleição directa do PS, quando foi eleito à coreana, José Sócrates disse claramente, quando apresentou a sua moção, que “não está disponível para governar com o FMI”.
O vídeo desse momento anda por aí; se fosse coerente ou confiável, deveria dizer ao seu partido que elegesse outro, e ir-se embora. Sabemos, porém, que tal nunca acontecerá.
Recordo o que foi o fim do governo de António Guterres. Na noite em que perdeu as eleições autárquicas em 2001, demitiu-se de primeiro-ministro dum governo que governava há 6 anos em minoria. Disse ele que, a partir daí seria o “pântano” e toda a gente resolveu dizer que ele fugiu.
Nunca achei que ele tivesse fugido, apenas me pareceu que era um homem que tinha ainda a, já então rara, perspicácia de saber quando sair.
Evitou o pântano dum país que seria ingovernável e fez bem, como se pode comprovar agora que vivemos, de facto, num verdadeiro pântano.
Sócrates, enquanto ministro de Guterres, foi seu aluno, mas, também aí, foi um mau aluno. É certo que os últimos tempos do governo de Guterres foram grotescos, cedendo a todos os interesses corporativos, dizendo e desdizendo, e assim caindo na paralisia total. Mas, por um tempo, com Guterres, fomos felizes. Saídos de 10 anos de cavaquismo cinzento e musculado, muitos saíram também da pobreza com o Rendimento Mínimo e Portugal subiu muitos pontos na tabela do Índice de Desenvolvimento Humano; nasceu uma verdadeira classe média, foi o tempo da Expo, da luta por Timor e da criação de políticas culturais coerentes como o país nunca tinha visto, e nunca mais veio a ver.
Gastámos demais? Claro que sim, mas com os outro todos também gastámos só que com pior distribuição.
Sócrates, aluno de Guterres, também diz e desdiz mas não é o diálogo que o leva à hesitação. É apenas a sua incapacidade para navegar de outro modo que não seja “à vista”. Desde cedo decidiu que a tendência para o diálogo e consenso do seu professor eram um mal que não o iria atacar e, a cavalo duma maioria absoluta decidiu que não tinha que ouvir senão o seu pequeno grupo de apaniguados para decidir. Assim, desde cedo concitou múltiplos ódios e acumulou erros desnecessários.
Onde Guterres se preocupou com a dignidade dos mais pobres, através do rendimento mínimo, Sócrates preocupou-se com o défice e a grandeza da obra a fazer, exercendo um verdadeiro esbulho na coleta fiscal que ia muito para além daquilo que, ao tempo, era mesmo necessário pôr em ordem. Os pobres pagaram e os ricos continuaram a usar os paraísos fiscais e continuaram a não pagar. O fosso social aumentou.
Guterres soube quando ir embora, percebeu que os portugueses já estavam fartos dele e demitiu-se.
Sócrates parece ainda não ter percebido que todos estão fartos dele, que está na raiz de muito do nosso descontentamento, e insiste em ficar mesmo tendo criado as condições com as quais, afirmou, não estaria disponível para a governação (termo que lhe é muito caro). Tem medo que digam que ele fugiu, como se disse de Guterres, e acha que tem de nos mostrar que é muito macho, um macho que não foge. Assim, deixou, com a ajuda de Passos e Cavaco, que se criasse um pântano como nunca tínhamos visto antes, e… fica.
Pouco lhe importa que arraste consigo o PS por muitos anos, que nos entregue nas delicadas mãos do FMI e dum governo neoliberal de jotinhas sem um pingo de cultura política, (que já dizem cada dia sua coisa, cada garganta seu gargarejo).
Ele não sai porque, ao contrário do frouxo Guterres, ele é um duro, um “animal feroz”.
Ele não sai porque, ao ouvir os aplausos no Congresso do PS pensa que é insubstituível.
Ele não sai porque, entre outras coisas, é um mau aluno de Guterres.

sexta-feira, março 18, 2011

Será doença? Será feitio?

Em 36 de democracia, quem quis, aprendeu muito de política e políticos.
Fomos aprendendo que prometem mas não cumprem, conhecendo os tiques de cada um, discernindo as meias-verdades do discurso, as personalidades e carateres.
José Sócrates, porém, ultrapassa tudo e todos os que conheci, e pelas piores razões.
Já ouvimos tanta coisa e o seu contrário ao longo de 6 anos de governo que, eu pessoalmente, já não acredito em nada.
Fartou-se de dizer, uma vez, duas vezes, três vezes – estas são as medidas necessárias e suficientes para ultrapassarmos a crise, para, passado um mês ou dois, vir acrescentar mais medidas às medidas garantindo sempre o “agora é que é”.
Chegámos ao momento Pedro e o Lobo, ou seja, o lobo vem lá e ninguém acredita no Pedro.
Alguém pode acreditar que não foi negociar as novas medidas com a Frau Merkel?
Alguém acredita que está pronto para (ou pode ainda) negociá-las com a oposição?
Alguém acredita que não haverá mais PEC (cujo número já perdi?)
O nosso primeiro-ministro tem mentido tanto que eu já não acredito nunca no que ouço e isso deixa-me tão insegura, mas tão insegura, que começo a achar que o nosso sistema democrático está, ele próprio, inseguro, porque está nas mãos dum mentiroso compulsivo que, às vezes, até parece acreditar nas suas próprias mentiras.
Talvez tenha sido ingénua até agora mas, achar que um primeiro-ministro mente de cada vez que ele abre a boca, juro que nunca me tinha acontecido nos últimos 36 anos.
Isso faz mal à saúde, ao país e à vida democrática.