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terça-feira, março 08, 2011

Presidente Cavaco Silva

Amanhã Cavaco Silva toma posse, para o seu segundo mandato, como Presidente da República.
Não gosto dele. Nunca gostei. Nem como ministro das Finanças, nem como Primeiro-Ministro, nem como Presidente da República.
Sempre achei que ele representa a nossa parte mais provinciana, calculista e retrógrada.
Os seus tabus dão-me arrepios na espinha, a sua prudência com as palavras soa-me a falta de alma e ideias, o seu ar paternal faz-me virar adolescente desbocada.
Quando o vi levar um ralhete sem resposta do execrável presidente checo, tive vergonha.
Quando o vi de braço dado com Jardim, que lhe chamava sr. Silva, senti repulsa.
Ele está “entre nós” há mais de 20 anos, sempre a querer dizer-nos que não é político e que até está acima dessas “porcarias” que dão pelo nome de Política.
Também foi ele o pai do “monstro” que, anos mais tarde, veio denunciar, qual virgem ofendida.
Tem dito, repetidas vezes, que a despesa do Estado tem que baixar e que gastamos acima das nossas possibilidades. Seria de esperar que, com tais preocupações e com hábitos de pobre professor casado com pobre professora de mísera reforma, tomasse muito cuidadinho com os gastos da sua Presidência.
Ao que parece, será poupado lá em casa mas, com o dinheiro do Estado faz como todos os outros – é fartar, vilanagem.
Segundo o DN tem 500 pessoas a trabalhar para si e “para o primeiro ano deste segundo mandato de Cavaco Silva estão disponíveis 16 milhões de euros. Em 1976, havia apenas 99 mil euros para gastar. Mesmo sem contar com a inflação, em democracia, as despesas de Belém têm subido 18% por ano.”
As despesas crescem 18% ao ano, mesmo quando os ordenados dos funcionários públicos descem e, a bem ou a mal, (quase) todos os portugueses apertam o cinto.
Não sou miserabilista e gosto que o Estado democrático seja dignamente representado, com tudo o que for necessário para que tal aconteça mas, 500 pessoas? 16 milhões neste ano da desgraça? Mais um PURO, digo eu.
Contudo, quer eu goste, quer não goste, ele vai ser o meu presidente durante os próximos 5 anos.

quinta-feira, março 03, 2011

Os puros


No verão de 2009, Manuela Ferreira Leite perdeu as maneiras de senhora de 70 anos, bem-educada e social-democrata, e, com elas, a elegância da linguagem na política. Adoptou o vernáculo e disse repetidas vezes – “o governo mente, José Sócrates mente”, desfazendo-se definitivamente  do tradicional “não fala verdade”.
Desde então, esta glosa parece ter virado hino nacional em época de um qualquer campeonato, e toda a gente grita “ o governo mente, o governo mentiu”.
Pensaríamos que quem faz parte do coro não devia ter telhados de vidro mas, como sabemos, e isso sabemos mesmo, tudo nesta vida é incerto.
O nosso mais querido e dinâmico comerciante, Alexandre Soares dos Santos, dono do Pingo Doce, veio há dias, qual solista do coro, dizer com voz grossa que “o governo mentiu aos portugueses sobre a real situação do país”.
Já sabíamos. Só não sabíamos que também ele, mas com subtileza, mente aos portugueses através da televisão.
A sua empresa gastou em publicidade durante o ano de 2010, €98,6 milhões para nos dizer que os preços lá são sempre baixos e que, apesar de o IVA subir 2 pontos, estes não seriam repercutidos nos preços pagos pelo consumidor.
Incautos, pensámos que o gesto do empresário merecia aplauso e que seria ele a suportar os novos custos.
Veio agora a saber-se que, de facto, o consumidor não paga o aumento do IVA no Pingo Doce, mas Alexandre Soares dos Santos também não.
Quem paga? Os fornecedores, muitos deles pequenos produtores.
Simultaneamente, também ficámos a saber que a empresa de Alexandre Soares dos Santos foi uma das que distribuiu dividendos antecipadamente para fugir às novas regras de tributação de 2011, ao contrário de muitas outras que não dão nas vistas porque os seus proprietários não se transformaram em pop-stars do mercado à portuguesa, sempre com um microfone e uma câmara apontados e prontinhos para que debitem o que lhes aprouver.
São assim os puros do sistema que falam muito em ética e abominam mentirosos.