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terça-feira, outubro 15, 2013

Vivam as pessoas


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sempre houve pessoas que se acharam inteligentes e originais por afirmarem que preferem os animais às pessoas.
Lá por as frases do tipo “quanto mais conheço as pessoas mais gosto do meu cachorro” terem origem em pessoas inteligentes, isso não melhora automaticamente o Q.I. dos génios do copy/paste ideológico.
 
Porém, desde que mergulhámos nesta enorme crise, e com a ajuda potenciadora das redes sociais, coisas do género leem-se a cada passo.
A mim, fazem-me logo tocar campainhas no cérebro.
 
Entendo, sempre entendi, os animais como nossos companheiros de “casa”; com eles partilhamos um planeta que a todos acolhe e, provavelmente, uns não teriam sentido sem os outros, ou tudo isto seria muito diferente.
 
É também certo que muitos animais de estimação conseguem elevadíssimos, e até comovedores, graus de relacionamento afectivo com os seus donos.
 
Dou, também, de barato, que muitos deles poderão mesmo ser o mais fiel amigo, mas nunca o melhor amigo.
Esse, o melhor amigo, é o que dá resposta, contrapõe, mima, mas também se enfurece e diz o que não queremos ouvir.
O animal de estimação lambe-nos as mãos, mesmo que sujas; não critica, não incita, não vocifera, não nos abraça.
 
Dizer que se prefere os animais às pessoas parece-me desde logo uma insuportável arrogância moral, um inequívoco sinal do sentimento de superioridade em relação aos outros.
Desconfio disso, desconfio sempre.
 
De uma coisa tenho a certeza − nunca deixarei de preferir os humanos, mesmo que alguns, de entre eles, sejam verdadeiras bestas.
 
 

 


 

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

A Orquestra


Os países árabes estão em ebulição e, talvez por isso, a visita quase passou despercebida nas notícias mas, nos dias 25 e 26 de Janeiro, esteve em Portugal Avigdor Liberman, Vice-Primeiro-Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel.
No final da estadia afirmou: “A comunidade internacional deve pressionar os palestinianos a sentarem-se à mesa das negociações”.
Sendo Avigdor Liberman um dos maiores “falcões” de direita do estado de Israel, percebe-se que o que ele quis dizer foi que a comunidade internacional deve pressionar os palestinianos a sentarem-se à mesa das negociações e a aceitarem caladinhos todas as soluções do próprio Liberman para este interminável conflito.
Porém, há outras formas de pensar por aquelas bandas que, por vezes, conduzem a experiências únicas.
Daniel Barenboim nasceu em Buenos Aires em 1942. Os seus pais, de origem judaica, emigraram para Israel em 1952.
Daniel sempre foi um menino-prodígio da música e tornou-se um pianista e maestro que o mundo conhece e admira.
Em 1999, com Edward Said, palestiniano nascido em Jerusalém e já falecido, forma a West-Eastern Divan Orchestra que todos os verões junta jovens músicos de Israel e dos países árabes. O objectivo é fomentar o diálogo entre as várias culturas do Médio Oriente fazendo música em conjunto.
No verão de 2005 a orquestra deu um concerto histórico na cidade palestiniana de Ramallah, transmitido por várias televisões e gravado em DVD.
O mundo está cheio de homens e mulheres que, como Barenboim, todos dias empreendem acções no sentido de gerar entendimentos entre partes em conflito; são, na maioria das vezes, criaturas sem projecção mediática, silenciosas, e que apenas aplicam os seus esforços naquilo em que acreditam. Seres magníficos e imprescindíveis porque, sem eles, o mundo seria um lugar bem pior
Apesar de o poder estar, na maioria das vezes, nas mãos dos Liberman desta vida, os esforços que empreendem, contra ventos e marés, precisam de ser conhecidos e apoiados. No mundo complexo que hoje temos, a escolha é simples: ou nos salvamos todos, ou não se salva ninguém.
Eles estão apostados em que nos salvemos todos, sem excepção.