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terça-feira, maio 03, 2022

Interrupção voluntária do progresso

 




Público, 3 Maio 2022

Supremo Tribunal dos EUA pronto para anular direito ao aborto


Leio:
"Um documento a circular no Supremo Tribunal dos Estados Unidos prevê a anulação da decisão histórica de 1973 que estabeleceu o direito ao aborto, noticia o jornal Politico com base em documentos internos do tribunal, em que se mostra uma maioria de votos a favor da decisão..."
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Constato:
Depois de ter assistido, e ajudado, a tantas conquistas para a humanidade, raro é o dia em que, ao abrir o jornal, não tenho o calafrio de ver o mundo a andar para trás.
Chiça!, é tão triste.

quinta-feira, junho 26, 2014

Notícias do jogo da bola


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No Público online de ontem, dois títulos:

Paulo Bento não se demite, aconteça o que acontecer
Paulo Bento é um bom português, digo eu; logo se via que a notícia da sua demissão era manifestamente exagerada.

 Gana envia para o Brasil 2,2 milhões de euros para os jogadores defrontarem Portugal.
O dinheiro viajou num avião fretado para o efeito e era uma exigência dos internacionais ganeses para não faltarem à partida contra os portugueses.”
Estes inteligentes ganeses não jogam fiado nem aceitam cheques.
Parece que cresceram numa taberna do Alentejo, penso eu.

Na rádio ouvi, juro que ouvi, ontem logo de manhã, um tal Ricardo Costa, afirmar que o jogo de hoje com o Gana será encarado como “o último jogo” da vida deles.
Mais disse, eu ouvi, juro que ouvi, que, durante este equiparado a último jogo da vida deles, “umas vezes estaremos por cima, outras estaremos por baixo”.

Eu acho bem. E bom. E normal!

Contudo, não querendo imiscuir-me nas preferências de cada um, atrevo-me a sugerir-vos, rapazes, que hoje, se não for grande incómodo, seja um pouco mais por cima do que por baixo.
É só para variarmos um bocadinho. Nós, e vocês.

 

 

segunda-feira, março 24, 2014

João Tabarra e o abismo















João Tabarra é um artista visual nascido em Lisboa em 1966.
Tem, portanto, 48 anos, e tem também agora, no CAM da Gulbenkian, uma exposição que eu ainda não vi.
Mas li o extenso artigo,de duas páginas, que  escreveu sobre o filme “Fúria de Viver”, e que o Ípsilon de 21 de Março generosamente (?) lhe publicou.
Digo “generosamente” porque dir-se-ia estarmos perante um texto de amador, caso não se soubesse que o seu trabalho inclui a escrita sobre cinema em revistas da especialidade.
Tendo por base as experiências dos seus múltiplos visionamentos do referido filme, aproveita para escrever algumas trivialidades contra a iliteracia, a decadência intelectual do país, as horríveis pipocas no cinema, e também algumas considerações pessoais e existenciais.
Tudo muito levezinho e superficial, assim tipo blogue.
Sobre o 25 de Abril escreve “Sabemos hoje que este foi o mais efémero de todos os sonhos, se é que o chegou a ser, destruído pela chegada dos políticos e pela apressada organização dos seus jogos de poder”.
Ora, então, cá está a “conversa de taxista” pela pena do respeitável artista.
Tendo o 25 de Abril chegado quando Tabarra tinha 8 anos, e sendo de família modesta como afirma, apetece-me perguntar-lhe quem terá criado, neste país, as políticas que permitiram tratar-lhe de borla as amigdalites ou o sarampo, o vacinaram de borla, lhe proporcionaram desporto de borla se o quisesse, e estudos de borla até que quisesse?
Quem terá, afinal, criado as políticas que lhe permitiram ser muito daquilo que hoje é, a custo  mais ou menos zero para a sua família de origens modestas?
Talvez tenham sido os políticos que João Tabarra despreza tão global e levianamente; desresponsabilizar-se, não fazer distinções, crucificar os políticos tout court é conversa de taxista, sim.
Lá mais para o final do artigo, conta o artista que a última vez que reviu o filme foi no dia 7 de Agosto, e escreve: “Notei muitos outros pormenores cinematográficos em que não tinha reparado antes, daqueles que é melhor deixar para os autoproclamados especialistas…”
Eu não percebo muito bem onde ele quer chegar.
Notar “pormenores que é melhor deixar para os autoproclamados especialistas” quer dizer exactamente o quê? Então ele não é especialista? Parece que é! Então e não viu antes? Mas, afinal, viu depois? E porquê autoproclamados?
Não tenho a certeza, mas parece-me que, depois de tão claramente demonstrar desgosto pela miséria intelectual a que chegámos, também João Tabarra cai no abismo, e mostra que não tinha imunidade a um vírus, altamente patogénico, que por aí circula, e que é causador de muita da nossa actual miséria intelectual – aquele que despreza, e até hostiliza, os que aprofundam conhecimentos em campos de estudo subjectivos.
Ele chama-lhes “autoproclamados especialistas”, o vulgo chama-lhes pseudo-intelectuais. É uma praga.
Terei que ir ver a exposição de João Tabarra. Talvez goste mais do seu trabalho do que das suas ideias, quem sabe.
 
Nota: artigo disponível aqui



sexta-feira, dezembro 27, 2013

Uma história com moral


 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
Esta é a crónica que Miguel Esteves Cardoso assina hoje no Público.
A meu ver, a escrita está cada vez mais pobre, quando não com português “macarrónico” – efeito duma escrita que se faz da mão para a boca − mas a história é boa e bem adequada à época.
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Eis uma história que aconteceu. Aconteceu numa pequena loja japonesa em Paris. A dona – uma senhora gentil a quem aconteceu a história que nos contou – deu por falta de dois pacotes de chá Gyokuro, caríssimo, logo no dia em que chegaram.

Um mês depois apareceu na loja um cliente antigo, dono de um restaurante, a quem tinha sido dado o privilégio de levar o que precisava e pagar só três meses depois, depois de ter recebido as contas das pessoas que lá iam almoçar e jantar. Tratava-se de um empréstimo generoso: só pagava o que vendia depois de ter vendido, por quatro vezes o custo, aquilo que tinha comprado.

O dono do restaurante lucrou tanto com o roubo como com o crédito. Sendo um indivíduo ladrão mas honrado, voltou à loja para confessar que tinha roubado o chá e com o dinheiro, o valor exato do que tinha roubado. A dona da loja começou a chorar.

Nunca tinha pensado que aquela pessoa, tão amiga (conhecia e simpatizava com todas as dificuldades da família dela), era capaz de roubá-la. Recusou o pagamento. E disse-lhe: “O senhor roubou a minha alma e a minha confiança em si. E isso não pode ser pago em dinheiro. Eu perdi um cliente de quem gostava. Não há dinheiro que pague o que eu perdi”.

O marido e sócio da senhora, quando soube da recusa dela, compreendeu-a mas disse: “Tu és muito dura”.

Mas não foi dura: foi justa. E foi leal à amizade que o cliente quebrou. A confiança é um tesouro. E os tesouros roubados deixam de sê-lo.

terça-feira, novembro 19, 2013

Livre










 

Se o jornalista o diz tão bem...
 
"...A criação de uma nova plataforma política surge assim como o gesto natural e necessário para defender posições que possam ser adoptadas pelo povo de esquerda em geral, que possam ser propostas aos outros partidos e que possam mobilizar os muitos abstencionistas de esquerda. Um novo partido pode roubar votos aos existentes? Pode, mas isso dependerá das propostas que apresentar e da vontade dos eleitores. É importante ter em conta que os eleitores, mesmo quando votam num partido, não são sua propriedade e não podem ser “roubados” por outro partido. Os eleitores deslocam livremente os seus votos, segundo a sua vontade. Se um partido capta eleitores de outro, tem toda a legitimidade para o fazer e tem, provavelmente, mérito. Mas, o que é mais importante, é que o novo partido também pode recuperar para a política e para o voto muitos desiludidos da esquerda e até atrair eleitores de outras áreas políticas.

 

A propósito das críticas (algumas soezes) que o anúncio da criação do Livre suscitou seria importante que os cidadãos de esquerda tivessem presente que criar um partido é algo fundamental numa democracia e um gesto de generosidade cívica. E lembrar que ninguém está obrigado a concordar, a aderir ou a votar no novo partido. Dizer, a propósito da criação de um novo partido de esquerda, que os seus criadores só querem tachos e são oportunistas apenas reproduz o discurso populista antipolítica e antipolíticos que alimenta a abstenção, que alegra a direita tecnocrática e que tem dificultado o apoio popular a um projecto político diferente."
 

sexta-feira, maio 10, 2013

O bolçado de VPV

Hoje o nosso merceeiro mais popular resolveu fazer saldos, e por isso as filas para as caixas estavam longas e morosas.

Para matar o tempo, saquei do Público disposta a olhar a primeira e a última páginas, de modo a não ter de abrir o jornal. Tive tempo de ler o Vasco Pulido Valente que, a certa altura escreve: “…porque, dada a atitude de Cavaco Silva, só ele, Paulo Portas, está em posição para remover o Governo, como Jerónimo de Sousa e o sr. Seguro, e a miuçalha que os segue, ardentemente desejam (não se percebe bem porquê).

Sobre isto, quero dizer duas coisas:

1 – Apesar de eu não seguir ninguém acho que aquela de “miuçalha” deve ser comigo, e parece-me conter um indisfarçável tom de desprezo. Retribuído. Done.

2- Ao contrário dele, VPV, que começa por avisar que é amigo de Paulo Portas, eu termino já avisando que não conheço este homem de parte nenhuma, nunca o vi, nunca me cruzei com ele (sou miuçalha) mas sempre ouvi dizer que ele bebe que nem uma esponja.

Pelos vistos, e apesar da crise, continua. E depois, claro, vomita.

segunda-feira, janeiro 14, 2013

Falemos, então, de putas


Num artigo da série “Que valores para 2013?”, no Público de 6ª feira passada, João Magueijo (Físico Teórico português no Imperial College, em Londres), escreve um artigo com o título “República das Putas”, que começa assim:

A expressão não é original, mas o plágio é deliberado. Quando Josef Skvorecky escreveu o livro República das Putas, havia na então Checoslováquia o sentimento dum país traído, entregue ou vendido a uma ideologia questionável, por uma classe dominante corrupta e por políticos que eram de facto putas, metafórica e literalmente. No caso de Portugal não houve tanques a entrar pelo país e a ideologia a que fomos vendidos será outra, supostamente oposta. Mas de resto a história é tal e qual, especialmente no que diz respeito à qualidade e moralidade dos políticos.

Ocorrem-me algumas notícias recentes que provam como vivemos, digamos, num sítio mal frequentado, só para não repetir palavras que a minha mãe não gosta que eu use.

1 - Novo director do departamento de supervisão da CMVM criou, para o BCP de Jardim Gonçalves, cinco off-shores nas ilhas Caimão.
Como não quero levar com uma queixa-crime como aconteceu com a Associação Transparência e Integridade, vou dizer que concordo porque o homem deve ser muito competente, fez muito bem o que lhe mandaram e nunca foi arguido.
Viva a CMVM.

2 - Lobo Xavier vai liderar a Comissão para a reforma do IRC. Pode parecer que se vai meter a raposa no galinheiro, mas Lobo Xavier é alto quadro da Sonae e é muito competente. Faz o que lhe mandam (ou pagam) e até vai à televisão.
Viva a Sonae.
 
3 - João Cordeiro, da Associação Nacional das Farmácias, vai ser candidato à Câmara de Cascais por decisão de António José Seguro.
Este homem disse do PS o que Mafoma não disse do toucinho, mas pronto, é supercarismático (!), experiente e competente. Dará um magnífico presidente de câmara porque a mulher de Seguro é sua colega na ANF.
Viva o Seguro.

4 - A presidente da Câmara de Palmela, eleita pelo PCP, vai reformar-se aos 47 anos.
Tem direito, sim senhor, e político não tira direito a político, só a quem o elege.
Viva "a superioridade moral dos comunistas".

República das putas, isto?
Não, o Magueijo exagera; antes diria − república com muitas putas mas muitíssimos mais tansos.

Bolas, até me esqueci que a minha mãe não gosta que eu use este palavreado.

terça-feira, maio 22, 2012

Imprensa

Quem ontem à tarde passasse da leitura do Público online para o ionline tinha motivos para tentar lembrar-se do que bebera ao almoço.

O Público titulava ao cimo da página Peso dos impostos cobrados em Portugal em 2010 abaixo da média europeia; já o i dava destaque ao título

Portugal tem taxas máximas de IRS, IRC e IVA acima da média europeia

Desfeita a dúvida do almoço, verifiquei que o Público começa o artigo, e valoriza os dados de 2010, só começando a apresentar os dados de 2012 lá para meio do mesmo, sendo estes (2012) os únicos referidos pelo i.

Fui leitora do Público desde o primeiro número e durante muitos anos até que desisti dele. Não foi por acaso nem porque sim, foi porque o jornal deixou de corresponder às minhas expectativas e era frequente eu não entender os seus critérios editoriais, como ontem não percebi. Passei a comprá-lo apenas à 6ª feira e por causa o suplemento Ípsilon, mas também esse creio que tem os dias contados.

Aquilo está cheio de gente que faz música que não conheço nem vou conhecer, e parece cada vez mais direccionado para uma faixa etária que não é a minha, mas que também não compra o jornal. Critérios editoriais que continuo a não perceber.

Mas, a propósito destes, o que eu gostava mesmo muito de perceber um dia era o que se passou entre o ministro Relvas, a jornalista Maria José Oliveira e a direcção do jornal.
Gostava, mas acho que não vou ter sorte nenhuma.