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quinta-feira, fevereiro 26, 2015

António Costa, largue o osso














 
 
 
 
 
Caro António Costa, estou em vias de perder a paciência consigo.

Para começo de conversa tenho que lhe confessar que fui daquelas que muito se insurgiram contra a inépcia do seu colega Seguro, e que achei que o senhor poderia fazer melhor oposição.

Perplexa, após cinco meses de exercício do cargo, não percebi ainda qual a grande diferença entre ambos. E não serei a única, julgo.

Desde que se tornou secretário-geral do PS, o senhor, quando não está calado, está a pôr velas à Senhora da Asneira.

Só nos últimos tempos, houve a história do 1 euro para aterrar em Lisboa, do aumento das taxas na factura da água, da proibição de circulação de veículos antigos, do perdão de taxas ao Benfica, tudo decisões polémicas, tomadas no âmbito da sua actividade autárquica.

Deixe que lhe pergunte: por que não larga a Câmara?

É que esta, não só lhe rouba tempo para a política nacional, como o obriga a tomar medidas às vezes impopulares, às vezes incompreensíveis, às vezes apenas parvas, mas que são aproveitadas contra si, e sem contemplações, pela corja que está no poder.

O grande tiro no pé, porém, foi dado agora no discurso que fez para chinês ouvir.

Eu sei que o senhor não queria dizer que o país está melhor, sei que não o disse, que usou a palavra “diferente”, mas toda a gente percebe que, se quer vender um produto e diz que ele é diferente, só pode ser para melhor.

O que lhe aconteceu neste infeliz momento, e que talvez venha a acontecer noutros, resulta, parece-me, da falta de preparação; daquela preparação que o senhor não está a fazer, talvez por falta de tempo.

Ao contrário, o malandreco do Nuno Melo, mais os seus amigalhaços, têm muito tempo, e estarão sempre à coca para o entalar, não duvide.

Insisto: por que não deixa a Câmara para o fresco Medina e não se dedica a estudar os dossiês, a treinar reações rápidas e eficazes, a preparar os discursos e os improvisos?

Vai-me falar no Jorge Sampaio? Vai-me dizer que ele fez o mesmo e que foi eleito Presidente da República? Bom, a verdade é que, para além de isso ter sido há vinte anos, num tempo bem diferente, portanto, o senhor também não é o Jorge Sampaio. Bem longe disso, aliás.

Sinto, na sua actuação política, uma desconcertante ligeireza, e uma ausência de percepção de como estamos todos à beira do colapso nervoso.

Sugiro-lhe que deixe para lá o Alfredo Barroso, que apenas aproveitou o momento para sair do PS − não se perde grande coisa, e amanhã já ninguém se lembra, não se preocupe comigo que já perdi a paciência consigo, mas tente, ao menos, respeitar os milhares de portugueses que, em Setembro, saíram de casa para o apoiar, preparando-se condignamente.

O caminho, para si, e até às eleições, estará sempre pejado de cascas de banana, mas se largar “o osso” da Câmara evitará uma enormidade delas, vai ver.

Não acredito que siga o meu conselho, mas será pena.

Curiosidade: este é o milésimo post deste blog.