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quinta-feira, junho 04, 2015

Aprender latim


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando li esta notícia sobre oferta de aulas de latim e grego no ensino preparatório, o meu coração, que é um bicho esquisito, encheu-se de alegria nas aurículas e de tristezas nos ventrículos.

Alegria, pela extraordinária oportunidade que é dada aos miúdos de hoje de começarem a aprender as línguas mortas antes da vivas e de, com essa fantástica ferramenta virem, quiçá, a perceber porque passou toda a gente a escrever espetador, ótimo ou Egito, por exemplo.

Cá por mim, acho esta escrita tão obtusa que me parece que terá raízes num esquecido decreto, sobre normas de ortografia, publicado por Calígula que, como toda a gente sabe, não batia bem da bola e fumava coisas de pouca qualidade.
Mas a aprendizagem do latim vai ajudar os miúdos a perceber, tenho a certeza, como a tenho sobre a visão de futuro de Nuno Crato.

A tristeza que me inundou os ventrículos advém de eu própria não ter tido tamanha oportunidade quando era pequenina.

É que eu só estudei latim aos 15 e 16 anos e, sendo certinho que não me lembro de nada, posso dizer que gostei muito – não tanto do latim em si, mas desse tempo das cerejas em que eu aprendia (pouco) latim, mas muito sobre…julgo que era química.

segunda-feira, janeiro 27, 2014

O ovo da serpente


 
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
 
O país acordou, subitamente, para o tema “praxes”.

Até aquele homem muito perigoso, que resolve tudo sozinho ou com os seus amigalhaços – desde os programas de matemática até às bolsas de doutoramento − e que dá pelo nome de Nuno Crato, achou que não podia ficar de fora da refrega e continuar a assobiar para o lado.

E que faz este homem muito perigoso que não tem por hábito ouvir ninguém?

Ó céus, vai OUVIR reitores e associações de estudantes.

Findas as audições, já se sabe, cada um voltará para o seu canto, e dará, a seu modo, uso às insígnias da praxe:
- O ministro continuará a usar a tesoura para fazer mais cortes.
- Os praxistas continuarão a brincar com colheres de pau e mocas.
- Os reitores ficam com os penicos (maravilhosas insígnias da insigne academia portuense) visto que se borram de medo quer do ministro, quer dos estudantes praxistas.

Periodicamente voltaremos ao tema, provavelmente quando morrer mais alguém.
E o ovo da serpente continuará, paulatinamente, a crescer entre nós.

quinta-feira, novembro 07, 2013

O estado da interpretação


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É bom avisar logo de entrada que detesto Nuno Crato e as suas políticas; acho-o até um muito perigoso bandido político, dos piores do governo.

Porém, um destes dias, o homem defendeu a austeridade do orçamento para 2014 e explicou, como se fossemos muito burros, que sem essa austeridade, para pagar a nossa enooooooooorme dívida, "teríamos de trabalhar mais de um ano sem comer, sem utilizar transportes, sem gastar absolutamente nada só para pagar a dívida “.

A partir daqui, o jornal i titulou: "portugueses precisam de trabalhar um ano sem comer para pagar a dívida”.

Que faz a populaça em fúria com tudo e com todos? Vai ler o artigo e tentar perceber aquilo que à primeira vista parece um disparate? Não. Toda a gente interpreta como dá jeito ao seu ódio, ou seja − o fdp quer que a gente deixe de comer durante um ano.

A culpa, neste caso, nem foi da iliteracia, embora ela se faça sentir com grande vivacidade nas redes sociais; como parece óbvio que ninguém iria sugerir que morrêssemos todos para pagar a dívida, foi a irracionalidade do ódio e a satisfação com a superficialidade da informação absorvida que conduziram a comentários do tipo:

- Vómito.
- Ele devia passar um ano sem comer.
- Sujeito abjecto, desprezível.
- Um escarro com poder!
- Asqueroso
- Uma aberração! A estupidez típica deste regime: trabalhar um ano sem comer...
- Este tipo consegue é comer um ano sem trabalhar. Malandragem.
- Puta que o pariu
- Ficamos sem comer para dar milhões a colégios privados

É só uma pequena amostra.

Já é grave para um país ter um ministro como Crato; mais grave ainda é ter um população que não busca a verdade, que não quer entender, que não se esforça por se informar, que deturpa tudo para o lado que lhe dá jeito, que, no fundo, aceita iludir-se a si mesma.

Mas o mais preocupante de tudo é que, não raro, estes comentários têm início em pessoas que, apesar de terem responsabilidades na sociedade portuguesa, parecem ter desistido da boa-fé num combate político em que já vale tudo.

Não, as crises nunca são oportunidades. Para nada.
E sempre trazem ao de cima o que de pior há em nós.
Posto isto, claro que a conversa do Crato é cretina.
 

terça-feira, junho 18, 2013

Mao Tsé-Crato e o Grande Salto em Frente

Nuno Crato não é fascista, nem sequer protofascista, afirmo-o eu aqui.

Com a confusão que armou ontem à volta da greve dos professores, tentando um óbvio braço de ferro que jogava com o medo dos professores e a fragilidade dos alunos mas que, na prática, apenas pretendia mostrar quem manda, Crato esclareceu, finalmente, que continua maoísta como na sua juventude.

Ao chegar ao governo deve ter-se convencido que ia fazer com que a Educação, neste país, desse finalmente o Grande Salto em Frente.

Se Mao Tsé Tung mandou apanhar e entregar ao Estado todo o prego, parafuso e asa de tacho para com eles fazer fazer aço, já o patrão Crato convocou todos os seus funcionários para fazer os exames.

O aço de Mao Tsé Tung não era aço, era uma grande bosta.
Uma grande bosta é, também, a actuação de Nuno Crato.

Apesar do enorme falhanço do Grande Salto em Frente, que matou muitos milhões de chineses, Mao manteve-se no poder.
Crato também.

Mas um dia Mao morreu, e hoje a China sabe fazer aço.
Crato também não durará muito mais (na pior das hipóteses, dois anos).

Nada é eterno, mas é absolutamente seguro que todos os países, em algum momento da sua história, vivem tempos negros com governantes miseráveis.
Depois, geralmente, passa.

Nota: Imagem roubada ao blogue AventarNuno Crato, a dama de lata


terça-feira, junho 04, 2013

Como?

Esta notícia do Público titula: Professores alertam para "sério retrocesso" com novo programa de Matemática.

A gente vai por ali afora a ler a notícia, e percebe que Associação de Professores de Matemática (APM) não podia estar mais em desacordo com o programa que Nuno Crato decidiu impor em Abril para entrar em vigor já em Setembro. Diz a APM, por exemplo, que o programa entra em “completa contradição” com a visão defendida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico e que também “contraria as orientações curriculares actuais para o ensino da Matemática a nível internacional, não tendo em conta a investigação desenvolvida neste domínio, quer em Portugal, quer nos países de referência nesta matéria”.

No último parágrafo da notícia, porém, leio estupefacta:

“Já a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), de que Crato foi presidente, defendeu no seu parecer que a implementação do novo programa da disciplina “será decisiva para que se atinja um patamar de exigência mais elevado, cujas consequências benéficas serão, a prazo, sentidas pelos níveis de ensino secundário e superior, e pela sociedade portuguesa em geral”.

Como? Então, duas organizações que têm o mesmo tema de estudo chegam a conclusões opostas? Uma delas há-de estar, no mínimo, a ser pouco séria.

Se calhar devíamos pedir uma 3ª opinião para desempatar, talvez ao ministro da educação finlandês.
Ou deveríamos antes pedir à troika que fizesse o programa de matemática?

É que me parece que alguma coisa tem de ser feita para salvar as nossas crianças dos bandos de mentecaptos que, a cada momento, se perfilam para jogar à batota com o seu futuro.

quinta-feira, maio 09, 2013

Levai a Crato as criancinhas

Os nossos comentadores geralmente conotados com o pensamento de direita têm-se empenhado bastante em demonstrar que os exames do 4º ano são uma bênção para a educação que, Deus nos acuda, tem andado entregue a um bando de incompetentes de esquerda.

Se eu fiz eles também podem fazer.
Se ficam nervosos, habituem-se.
É este o discurso, que me parece pobre como justificação.
Se é certo que temos exagerado um bocado no experimentalismo educacional, é também certo que ele não tem impedido a aprendizagem; vejam-se os milhares de jovens licenciados que, recentemente emigrados, têm encontrado trabalho compatível com as suas habilitações em muitos países que lhes louvam a excelente formação, desfazendo, duma penada, os discursos do “não sabem nada” e do “ter um curso não adianta”.

Sou da geração que fez todos os exames, começando na 4ª classe e até ao fim dos estudos.

Esse exame, aos 10 anos, serviu-me para alguma coisa?
Sim, serviu para ter medo – medo do poder e medo de falhar.

Incutir medo logo cedinho era uma estratégia que muito convinha à ditadura, que o acompanhava como o “encornanço” acéfalo das matérias do livro único. Assim se começava a garantir um rebanho pacífico e acrítico com consequências colectivas que ainda hoje se fazem sentir.

Ir para a escola e aprender sem medo foi uma conquista de Abril, de que os meus filhos usufruíram.
Não fizeram exame no 4º ano mas não estudaram menos que eu, ao contrário, e nem sabem menos que eu, ao contrário também.

Mas, como diria a outra, isso agora não interessa nada; Crato tem a sua agenda própria e quer cumpri-la, ainda que ela nos faça retroceder meio século.
Se o deixarmos ficar lá muito mais tempo, talvez ainda o vejamos a ordenar o regresso do crucifixo e da reza matinal à sala de aula.

 

quinta-feira, abril 04, 2013

Sr. Crato/Sr. Relvas


Em verdade vos digo, meus amigos, que já nem os posso ver.
Estou farta deles todos, e cada vez mais me sinto à espera que caiam − da cadeira, da escada, ou mesmo da cama, tanto faz, o que é preciso é que caiam.

Exceptuando Paulo Macedo, não há ninguém naquele bando, que se intitula “governo de Portugal”, que me mereça um pingo de respeito, ou simpatia, ou consideração.

Quando o governo foi formado, alguns dos seus ministros deixavam-me uma pequena esperança de que talvez, pelo seu carácter ou competência profissional, pudessem melhorar um governo que já me parecia muito mau e iria aplicar políticas de desastre.

Afinal, também esses o integraram apenas porque o seu nível não destoava do conjunto.

Falo de, por exemplo, de Nuno Crato. Homem das matemáticas e crítico do sistema educativo, talvez aligeirasse a mediocridade governativa, pensei.

Ó mulher ingénua, ó grande lorpa!

Para além de outras suas malfeitorias que, por vezes, raiam a crueldade, acabámos de saber que tem na gaveta, há dois meses, o relatório sobre a licenciatura do Relvas, caso de que falou, e fala, o país inteiro.

Entre dar aos portugueses as respostas que eles esperam há demasiado tempo e a solidariedade com o trafulha do colega ministro, que escolhe o cretino do Crato?

A segunda hipótese, claro!
E porquê?
Porque, um com curso e outro sem ele, ambos são farinha do mesmo saco e merecem-se.
Eu é que, tenho a certeza, não os mereço a eles.

PS: a foto é pequenina porque, reafirmo, já nem os posso ver.


segunda-feira, abril 16, 2012

A escola do Nuno

Não se pode negar que o Ministro da Educação tem lá as suas ideias sobre a escola. Homem certamente saudoso do tempo feliz da sua infância nos longínquos anos 50/60 do século passado, imagina as maravilhas do regresso a essa escola. Por isso decide:

- Turmas de 30 alunos, e de 26 para o 1º ciclo.
Para se aproximar mais da escola do seu tempo podia até fazer turmas com as quatro classes, como antigamente acontecia lá na aldeia onde uns aprendiam e outros iam guardar porcos.

- Exames da 4ª classe.
Antigamente a 4ª classe era o fim da linha de estudos; agora ainda vão estudar mais oito ou dez anos mas é bom que se habituem a chumbar logo cedinho.

- Turmas de crânios e turmas de burros.
Aqui o ministro foge às regras do passado – os burros lá atrás e os espertos à frente; mas talvez esta seja uma nova forma de escola inclusiva, quem sabe.

- Fim das provas especiais para alunos especiais.
Esta é mesmo inclusiva. Não queremos cá estigmas, aqui é tudo igual (e desumano) como no tempo do senhor ministro.

E pronto, com umas poucas ideias bafientas se reforma o ensino do século XXI à luz do maravilhoso ensino de meados do século XX.

Se bem entendo, para o senhor ministro a vida não mudou nada, a sociedade não mudou nada, a escola (seu reflexo) não mudou nada, e o melhor mesmo é voltarmos aos saudosos anos 1950.
Ditosa pátria que tais ministros tem.


quinta-feira, setembro 29, 2011

Ministro da (des)educação



O ministro Nuno Crato, soube-se ontem, decidiu cancelar a entrega de 500 euros aos melhores alunos do secundário, como prémio de mérito, e canalizar essas verbas para ajuda às famílias dos alunos carenciados ou para projecto das escolas, conforme as variadas versões que correm. Tudo nesta situação cheira a história mal contada e a desnorte ministerial.
Um prémio pecuniário para o sucesso académico nestes níveis de ensino sempre foi para mim uma má política, quer em casa quer na escola. Se o aluno faz o melhor que pode, não faz mais que a sua obrigação e sabemos que uns podem mais que outros intelectualmente. O esforço deve ser apreciado, mas não com euros.
Professor e já entradote no tempo, Nuno Crato devia saber que, quando se faz uma promessa a um jovem ou criança, devemos cumprir, porque nesse cumprimento está todo um exemplo de vida. A sua decisão mais não faz do que pretender mascarar um mero corte na despesa com a uma hipotética melhor ideia. Há dinheiro, mas afinal vamos dá-lo aos pobrezinhos ou a projectos, ou à compra de material, diz o ministro aos estudantes.
Pois se há dinheiro, há que cumprir a promessa, embora o ministro tenha toda a legitimidade para anunciar, desde já, que tal coisa não se fará mais, porque dela discorda
Esta decisão, completamente deseducativa, é para estes jovens o início de um longo e doloroso processo de aprendizagem sobre uma trágica verdade – o Estado, em Portugal, não é uma pessoa de bem, diz e desdiz, dá e tira, baralha e dá de novo, conforme a conjuntura e o que passa pela cabeça de cada governante. Dói.