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quinta-feira, dezembro 12, 2013

Artistas


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ontem, Manoel de Oliveira completou 105 anos de vida.
Diz ele que, como prenda de anos, queria financiamento para um novo filme orçado em 350000 euros.

Assumindo-me muito politicamente incorreta, acho que Manoel de Oliveira não terá o dinheiro, até porque não o há mas, se houvesse, defendo que também não o devia ter.

Cento e cinco anos são cento e cinco anos são cento e cinco anos.

Não vamos ser hipócritas, vamos antes assumir que com tão provecta idade ninguém está em pleno gozo das suas capacidades; ao contrário, está num processo evidente e acelerado de declínio e perda.
A sua vida de trabalho cumpriu-se, e cumpriu-se bem.

O reconhecimento internacional que teve está a ter continuidade em vários jovens cineastas portugueses, e são eles que agora precisam dos apoios de que Oliveira já bastamente usufruiu.

No fim de contas, talvez ninguém os venha a ter, nem velhos nem novos, por as suas consciências não lhes permitirem aceitar o novo regulamento de apoio ao cinema que, nas palavras de António Pinto Ribeiro no Ípsilon de 6 de Dezembro nos coloca à beira “de um racismo cultural onde tudo o que não for “bom português” – na representação nacionalista dos autores e dos governantes responsáveis por esta norma – não pode ser apoiado. Porquê? Por não ser reconhecido como cinema português”.

Este regulamento, segundo o mesmo autor, e no mesmo artigo de opinião, excluiria muitos dos filmes do próprio Manuel de Oliveira.

O título do artigo a que me refiro é “Normas para filmar, vigiar e punir”, e do que li pareceu-me que o que se perfila no horizonte é, tão-só, tenebroso.
No cinema, como em tudo o resto, afinal.

 
Ontem também tivemos notícia da morte do pintor Nadir Afonso, aos 93 anos.
Se Manoel de Oliveira diz "Eu penso que no país há uma grande indiferença pelo que já realizei. Tanto faz que o meu cinema exista ou não exista", que terá pensado Nadir ao longo da sua vida de trabalho?