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segunda-feira, abril 28, 2014

Olhe, Miguel, peço desculpa.



Pode a escrita de um homem envelhecer (não amadurecer) com ele?
Pode.

Nas semanas em que leio-não lei, leio-não leio, leio! o Miguel Sousa Tavares, quando acabo a leitura parece que terminei a visita a um lar de idosos.

Em compensação, quando acabo de ler o Pedro Santos Guerreiro, mesmo que não goste da conversa, gostei da esplanada e da revigorando bebida fresca com muito gelo, picos no nariz, palhinha e tudo.

Plagiando-o, Miguel, − “Peço desculpa”.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Os anjinhos do ISCTE

Curto e grosso, obviamente que estou em profundo desacordo com os comentadores oficiais e oficiosos que se indignaram por “os alunos do ISCTE não deixarem falar o Relvas”. Dizem eles que foi um atentado à liberdade de expressão, à democracia, um perigo e um erro lamentável. Juntaram-se, neste coro horrorizado, uma parte do PS, comentadores dos jornais “de referência” que, ora lamentam a mansidão do povo ora se assustam se esse povo faz algo que não conseguiram prever, e ainda comentadores avulsos das redes sociais com sólida formação em democracia formal.

A coisa está a escapar ao controle dos poderes instituídos, entre os quais se incluem os meios de comunicação social, e isso incomoda-os, perturba-os e assusta-os.

Por isso, todos à uma acorreram a criticar a falta de democracia dos alunos do ISCTE. Imagine-se o que diriam se estes se tivessem lembrado de imitar os alunos da Sorbonne em Maio de 1968, deixando falar o “traidor” Relvas mas só depois de terem fechado a escola, levantado a calçada para ver se por baixo estava a praia (sous les pavés, la plage, pois claro), e de terem feito com ela uma bela intifada.

Nada disso aconteceu. Comparativamente os alunos do ISCTE são uns anjinhos, mas os poderes estão assustados na mesma; é que já perceberam que a massa mansa que os atura está farta do governo em geral e do Relvas em particular, dos sindicatos, de todos os partidos, das opiniões do Ricardo Costa ou dos ódios de estimação do Miguel Sousa Tavares que, se pudesse, mandava fechar as redes sociais, dando assim um grande contributo para a democracia.

E não é que essa massa que os atura agora lhe deu para começar a “grandolar”, coisa totalmente imprevista?
Estão preocupados, é claro que estão preocupados.


segunda-feira, janeiro 21, 2013

AO & Fashion

Na sua crónica de sábado passado no Expresso, Miguel Sousa Tavares volta ao triste Acordo Ortográfico e à inusitada e ridícula situação de hoje haver três grafias oficiais do português.

Na revista do mesmo jornal, surge um artigo sobre os blogs de moda.

São oito os blogs e chamam-se: Fashion-à-Porter, Stylista, Fashion Rules, Lab Daily, The Stiletto Effect, …And This Is Reality, Janela Urbana e O Alfaiate Lisboeta.

Como se vê, 75% destes portugueses, maioritariamente trintões, escolheram o inglês para dar título ao seu blog.

Voltando ao Miguel Sousa Tavares, ele escreve, e eu concordo, que “há coisas que nenhum país independente cede sem estremecer: o território, o património, a paisagem, a língua.”

Concluo que este é um país “firme e hirto como uma barra de ferro” já que nada o faz estremecer – se o território lá se vai mantendo, o património é o parente pobre a quem se dá o que sobeja do, sempre parco, orçamento doméstico; no que toca à paisagem, temos feito tudo o que está ao nosso alcance para a desfigurar, e quanto à língua… as novas gerações evitam-na, e o normal é não saber pontuar, acentuar, grafar ou, sequer, fazer concordar (Pedro Passos Coelho é disso o exemplo maior).

Escrever em português parece ser, cada vez mais, uma extravagância um bocado saloia; está absolutamente out.
Em breve nos entenderemos apenas em inglês, e o AO passará a ser um não-assunto.
Será o momento de, por aqui, voltarmos todos a dormir na santa paz própria dos animais de sangue frio.

terça-feira, outubro 16, 2012

Sousa Tavares e a Fundação Saramago

No seu artigo de opinião do Expresso de 13 de Outubro, Miguel Sousa Tavares escreve, muito bem como de costume, sobre a carga fiscal que aí vem. No fim, entende fazer um PS em que goza com o Congresso das Alternativas (reunião de marretas de esquerda, segundo ele) e, aproveitado o facto de este ter sido encerrado por Pilar del Rio, termina escrevendo:

Saberão os “alternativos” quanto já nos custou a Fundação Saramago e o que fez em troca pelo bem comum? Ou não lhes interessa saber?

Alternativos ou não, julgo que interessa a todos saber, mas eu lembro-me de sobre o assunto ter lido, por exemplo aqui, que a fundação não iria ter dinheiros públicos.

É certo que a obra na Casa dos Bicos foi levada a cabo pela Câmara de Lisboa; estava aos ratos, e sendo monumento nacional, não vejo por que não seria o dinheiro público a financiar a obra.

Ora, eu não sou mesmo nada admiradora da Presidenta (?) Pilar, mas ela é a mulher que Saramago escolheu para viver e para ser presidente vitalícia da sua fundação. Qual o mal? O senhor Gulbenkian não escolheu Azeredo Perdigão para presidente vitalício da fundação que leva o seu nome?

Se alguma coisa se modificou no financiamento da Fundação Saramago e o Miguel Sousa Tavares o sabe, é bom que o diga por inteiro, para todos sabermos, e não se limite a deixar no ar perguntas insidiosas que já contêm em si a resposta.

Fale, homem, eu quero saber a verdade, e um jornalista pode descobri-la muito mais facilmente que eu.

Fico à espera do esclarecimento para dar a mão à palmatória, se for caso disso. Caso ele não venha, vou continuar a pensar sobre o Miguel Sousa Tavares o que sempre pensei – excelente jornalista, quase sempre certeiro, mas, quando movido por ódios pessoais, pode espalhar verrina e suspeições de duvidosa seriedade intelectual.

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Se um blogue incomoda muita gente...

Recentemente, dois doutos crânios lusos entenderam escrever sobre a blogosfera.
José Pacheco Pereira escreveu no Público um longo artigo que Joana Lopes transcreve e comenta no seu blogue Entre as Brumas da Memória.
Talvez por ele próprio ser autor dum blogue, analisa a blogosfera com trambelhos, ainda que os seus trambelhos.

Pessoalmente não acredito que os blogues políticos tenham perdido influência; neste país há sempre uma “guerra” para travar, um alvo a abater, um soundbite a esmiuçar, e sobre eles há tantas e tão variadas opiniões, argumentações e ponderações, que os blogues se tornam uma fonte inesgotável de artigos de opinião, alguns bem melhores do que os que lemos nos jornais.

Já Miguel Sousa Tavares, que parece começar logo a espirrar de alergia quando lhe falam em internet, escreve na página/lençol do Expresso:”…essa terrível entidade a que hoje querem resumir a democracia chamada blogues”.

Não conheço ninguém que queira tal coisa, mas é certo que não me movo nos círculos seletos de MST; ao contrário, conheço muita gente que pensa que os blogues acrescentam democracia à democracia.
Os blogues políticos e de reflexão sobre a nossa sociedade são, frequentemente, muito bem escritos e pensados (é só passar pela minha lista de Gosto de), são gratuitos e feitos nas horas vagas de quem os escreve.

Sousa Tavares percebe, na blogosfera, que não é só ele que sabe escrever, ou pensar, e que hoje todos podem publicar "sem custos para o utilizador".
Talvez essa constatação o faça sentir-se um pouco ameaçado, talvez.

segunda-feira, outubro 24, 2011

Homessa! Também vou escrever uma carta aos filhos.

Queridos filhos
Primeiro foi o Miguel Sousa Tavares e depois o José Manuel Fernandes.
Parece que agora está na moda escrever cartas aos filhos nos jornais. Como sabem, modismos é comigo mesma, e pensei - homessa, filhos meus não são menos que filhos deles. Por isso aqui estou com a cartinha a que tendes direito.
Confesso-vos que li o MST nas quanto ao JMF só dei uma olhadela - temo distúrbios gastrointestinais que se podem seguir à leitura.

Leitora medrosa, portanto, ficaram-me duas afirmações lapidares do JMF:
1-“Neste país não há profissões: há posições”
Depois de muito matutar conclui o mesmo que sempre achei: vocês dois, meus filhos, têm profissões; quem tem, e teve, e se calhar terá, posições, é JMF.
2- “A muitos da minha geração só lhes resta saírem da frente”.
De acordo, desde que ele seja o primeiro a sair-me da frente.
Contra as terríveis análises que fazem sobre esta porcaria de país, queridos filhos, nada posso. Eles são profissionais da coisa, muitas vezes têm razão embora se assemelhem bastante àqueles realejos antigos das feiras que tocavam sempre a mesma melodia. Contudo, posso contar-vos outras coisas.

Este país já passou por muitas crises. Vocês dois nasceram bem dentro delas. Lembro-me de acordar todos os dias sem saber se haveria leite ou batatas, visto que o bacalhau, só em sonhos; lembro-me de todos os dias o leite e as batatas serem mais caros, à custa duma inflação de mais de 30%. Lembro-me de “herdar" tudo o que vocês precisavam porque os amigos iam passando berços e carrinhos para outros amigos. Lembro-me dos ordenados em atraso e do subsídio de Natal que não veio.

Por incrível que pareça, nessa como noutras alturas, não desaparecemos como país. Correremos agora esse risco? Bom, o douto doutor António Barreto veio há dias profetizar que, a prazo, Portugal pode desaparece; mas eu também posso profetizar que, a prazo, estaremos todos mortos.

É certo que também eu sinto” uma força a crescer nos dedos e uma raiva a nascer nos dentes”, mas tenho a certeza que vamos sair desta, a bem ou a mal, com ou sem Europa.
No que toca à Europa, sabem o que penso – ou nos salvamos todos, ou não se salva ninguém, e por isso não contem comigo para vos incitar à emigração (o Miguel até escreveu logo a carta ao filho ausente, como se o filho presente precisasse de carta para alguma coisa); sei que para muitos não há alternativa, mas também me parece que, para muitos outros de barriga cheia, isto passou a ser uma pocilga malcheirosa onde não é chique estacionar, (e quantas vezes não foram os seus paizinhos a transformar isto em pocilga?).

É tempo de aguentar, lutando pelos direitos e cumprindo com os deveres, como alentejanos de boa cepa que são, e a quem ensinei que não se cospe no prato.
Ah, só mais uma coisa: não me mandem sair da frente, porque eu não saio.
Sem açúcar, mas com muito afecto
Vossa mãe.