Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Esteves Cardoso. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Miguel Esteves Cardoso. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, dezembro 27, 2013

Uma história com moral


 

 
 
 
 
 
 
 

 
 
Esta é a crónica que Miguel Esteves Cardoso assina hoje no Público.
A meu ver, a escrita está cada vez mais pobre, quando não com português “macarrónico” – efeito duma escrita que se faz da mão para a boca − mas a história é boa e bem adequada à época.
-------------------
 
Eis uma história que aconteceu. Aconteceu numa pequena loja japonesa em Paris. A dona – uma senhora gentil a quem aconteceu a história que nos contou – deu por falta de dois pacotes de chá Gyokuro, caríssimo, logo no dia em que chegaram.

Um mês depois apareceu na loja um cliente antigo, dono de um restaurante, a quem tinha sido dado o privilégio de levar o que precisava e pagar só três meses depois, depois de ter recebido as contas das pessoas que lá iam almoçar e jantar. Tratava-se de um empréstimo generoso: só pagava o que vendia depois de ter vendido, por quatro vezes o custo, aquilo que tinha comprado.

O dono do restaurante lucrou tanto com o roubo como com o crédito. Sendo um indivíduo ladrão mas honrado, voltou à loja para confessar que tinha roubado o chá e com o dinheiro, o valor exato do que tinha roubado. A dona da loja começou a chorar.

Nunca tinha pensado que aquela pessoa, tão amiga (conhecia e simpatizava com todas as dificuldades da família dela), era capaz de roubá-la. Recusou o pagamento. E disse-lhe: “O senhor roubou a minha alma e a minha confiança em si. E isso não pode ser pago em dinheiro. Eu perdi um cliente de quem gostava. Não há dinheiro que pague o que eu perdi”.

O marido e sócio da senhora, quando soube da recusa dela, compreendeu-a mas disse: “Tu és muito dura”.

Mas não foi dura: foi justa. E foi leal à amizade que o cliente quebrou. A confiança é um tesouro. E os tesouros roubados deixam de sê-lo.

sexta-feira, maio 11, 2012

Como está a Maria João?

Nas suas crónicas diárias no Público, Miguel Esteves Cardoso escreve amiúde sobre a doença da sua mulher. São escritos de amor e, parece-me, simultaneamente exercícios para exorcizar o medo. São tocantes de ternura, fragilidade, fé às vezes, humanidade.

Esta exposição pública da sua vida privada não choca. Ao contrário, vejo nela um acto de coragem. E, se esta forma de se dar pode corresponder a uma necessidade pessoal, estou certa de que também o transforma num companheiro de viagem de muitos outros que vivem a mesma situação.

E tudo é tão bem feito e escrito que a Maria João entrou definitivamente na nossa vida.
Talvez por isso, não é raro que dê comigo, nos dias em que não nos dá notícias dela, a pensar – como estará a Maria João?