Mostrar mensagens com a etiqueta Marketing. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Marketing. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, abril 01, 2022

A bela Jada


 

Nunca gostei, nem achei graça, ao Will Smith. Por nada de especial, apenas uma antipatia que não se sabe de onde vem, não tem justificação mas também não pede desculpas por existir.

Quanto à sua mulher, não sabia quem era. Conheci-a agora, Jada Pinkett Smith.

Achei-a lindíssima, sofisticada, exótica. Fiquei também agora a saber que rapou o cabelo porque sofre de alopécia, e que decidiu tornar pública a sua doença e o remédio santo que para ela encontrou - rapadela global.

Sabemos que, hoje em dia, tendo meios financeiros, só exibe a careca quem quer, dado que os meios materiais para remediar o mal existem em cada esquina.

O que me quer parecer é que a Jada é uma mulher inteligente e soube tirar partido dum azar da vida. Sem cabelo, ela é imbatível no seu exotismo, com cabelo, bom, talvez fosse só mais uma mulher bonita.

Portanto, acredito que armar-se em vítima corajosa apenas faz parte dum quadro de marketing, montado para lhe trazer vantagens.

Nada disto tem mal nem faz mal a ninguém. O resto, sim.

Mas sobre o resto já toda a gente escreveu e opinou – violência do que tem mais poder sobre o que tem menos, agressividade como modo de vida, masculinidade tóxica.

Infelizmente, a bela Jada parece precisar de tudo isto para se sentir amada pelo seu homem.


sexta-feira, janeiro 16, 2015

Sinais do tempo que passa


 
Ainda eu era bem menina quando surgiu na televisão o primeiro anúncio aos pensos higiénicos.

Meu pai, comunista e conservador − e não há nisto qualquer contradição, como é sabido − não gostou nada que lhe invadissem a sala com as intimidades da carne feminina.

E, no entanto, aquilo era apenas um pudico começo.

Já a alma, (chamemos-lhe assim para facilidade de entendimento), e se bem me lembro, precisou de mais tempo para despedir o pudor, abrir os seus mais remotos recantos ao público em geral e transformar-se, como o corpo, em objecto de marketing pessoal.

Porém, aconteceu; e falar hoje de intimidade ou recato de qualquer espécie é quase um anacronismo. Tudo é público e partilhável.

As redes sociais, entretanto massificadas, fornecem excelente palco a todos os “marketeiros”, dando os mais novos primazia ao marketing da carne, enquanto os mais maduros, por vontade ou, talvez, por necessidade, se dedicam, preferencialmente, ao da alma.

Escrever sobre pai, mãe, amantes, amores, desamores, paixões, gostos, depressões, êxtases, habilidades, capacidades e outras façanhas, rende.

Se for bem escrito, e se na escrita se perceber um intelecto cultivado, um gosto requintado e uma vida acima das possibilidades de quem lê, melhor.

Acontece-me, porém, e tenho que o reconhecer, que quando diariamente assisto ao descontraído striptease da alma, com nu integral e sem ponta de constrangimento, relembro, e, pior, experimento, o paterno incómodo que, há muitos anos e por culpa exclusiva do penso higiénico, tomou de assalto a paternal sala.
 
Sinais do tempo que passa.

Imagem: Jean-Luc Godard, 1960, "À bout de souffle"

quinta-feira, junho 06, 2013

Não comprei "Servidões"



 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acredito que Herberto Helder é um excelso poeta.
Acredito que eu sou demasiado “quadrada”para o ler com deleite.
A partir daqui, já não acredito em mais nada, mesmo correndo o risco de estar enganada:
Não acredito que a edição esgotou.
Não acredito que não haverá nova edição.
Não acredito que todos os que comparam “Servidões” estejam mortinhos por o ler.
Ah, afinal sempre acredito em mais qualquer coisa:
Acredito no marketing e nas suas artimanhas.